Jonas pregando em Nínive, autor não identificado |
Não temais os que
matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer
perecer no inferno tanto a alma como o corpo. Mateus 10.28
Este texto no grego original não faz, como parece, distinção
entre corpo e alma, porque segue rigorosamente o princípio do pensamento
hebraico. No entanto, identifica claramente a diferença entre a vida biológica
e a vida transcendente, principalmente quando afirma que a vida transcendente, o
que no Cristianismo se estende por eternidade, é incomparavelmente melhor do
que a vida biológica que é efêmera. Dentro deste contexto os ecologistas e
ambientalistas estão certíssimos em afirmar que é necessário que esta geração
faça qualquer sacrifício pela preservação de um mundo minimamente habitável
para as gerações futuras.
Jesus foi bem específico quando disse para não temermos
aqueles que podem destruir o corpo, num sentido figurado, não temer aqueles que
podem nos fazer o mal diretamente a nós, como indivíduos. Mas antes temer
aqueles que podem fazer da vida um inextinguível inferno. O mundo todo diz
amém. Tanto crédulos como incrédulos voltariam felizes para as suas casas e
todas as ONGs festejariam alegremente. Por causa disso é que eu fico me
perguntando por que Jesus não parou o seu discurso aí? Por que não disse
somente o que era consenso? Por que ele foi dizer que um homem vale mais do que
muitos pardais? Por que ele foi dizer que a natureza deve ser submissa ao
homem? Por que ele foi dizer que a natureza existe por causa do homem e não o
contrário?
A realidade é que a preservação ecológica também tem seus
limites. Não se pode prender no regime inafiançável uma pessoa que pescou meia
dúzia de tilápias para matar sua fome, em um lago destinado à preservação
ambiental. Da mesma forma, não se pode condenar uma família ao desterro por
habitar, se é que podemos chamar assim, uma área que foi considerada reserva
ecológica. São para estes casos que Jesus vem dizer que a vida do pescador vale
mais do que toda aquela criação, e que algumas poucas árvores de pé não
justificam que uma família venha a ser privada de suas necessidades básicas.
Como é que ainda pensamos que podemos cuidar da natureza, se
nem do nosso irmão damos conta? A agressão ao meio ambiente não é não pode ser
a primeira causa a ser defendida pelos servos do Criador. Ela deve ser a
consequência de uma luta muito mais próxima, que leva em conta primeiramente a
vida humana, assim denunciaram os profetas. O que só prevalece é perjurar, mentir, matar, furtar e adulterar, e há
arrombamentos e homicídios sobre homicídios. Por isso, ̶ exclusivamente
por isso ̶ a terra está de luto, e todo o que mora nela
desfalece, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar
perecem. Assim profetizou Oséias.
Leitura: Lucas 12.1-7
Nenhum comentário:
Postar um comentário