A contenda entre Jesus e a mulher cananeia, autor não identificado |
Antes mesmo do seu nascimento, Jesus estava predestinado a
entrar na luta entre a soberba e a humildade. O Magnificat, ou cântico de Maria,
já se apresentava como o prenúncio desse seu árduo combate: Exaltará os humildes e despedirá vazios os
ricos. Ou seja, Jesus foi predestinado a contestar os valores que o mundo mais
preserva em favor daquilo que ele menos deseja para si.
Até onde posso me lembrar apenas Isaías, referindo-se a ao
servo sofredor, toca nesse assunto, pois se existe uma possibilidade da qual
até o diabo duvida, é justamente essa: Conseguirá alguém manter a sua cabeça
sobre pescoço após tentar mudar essa ordem? A descrença do Maligno no cântico
de Maria foi tão grande que mais tarde ele fez questão de conferir no deserto.
Somente assim dá para entender um pouco da dificuldade que
Jesus teve para se anunciar como o Messias, entender o porquê do seu anonimato
e entender as causas da demora do seu reconhecimento, demora essa que perdura
até hoje. Por que escolher apenas 12 discípulos, ficar sujeito a itinerância,
depender da caridade alheia para sobreviver se uns poucos milagres lhe
bastavam?
Jesus nunca permitiu que uma manifestação extraordinária da
misericórdia de Deus servisse de trampolim para promoção pessoal ou mesmo para
a divulgação do Reino de Deus. Aliás, milagres, nunca foram garantia de que
Deus estava de acordo com a situação vigente. Paulo diz justamente o contrário: Milagre é sinal para os não crentes, pois o
sinal para os que creem é a profecia, é a pregação da sua Palavra que serve
para exortar, para edificar e para consolar.
O
nosso texto base é citado três ocasiões diferentes. Por conta disso, nas três
meditações seguintes vamos analisar esses relatos da Bíblia na tentativa de
compreender esse imbróglio no qual Jesus nos meteu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário