Quebra de Maldição: Uma prática supersticiosa?

Mulher de Jó, autor não identificado
Texto de João Wesley Dornellas.

Durante a conversa telefônica que tivemos há duas semanas para, a pedido de Rosete, convidá-lo a estar conosco, batemos um papo sobre a Igreja Metodista. Acabou me dando a indicação de um livro editado pela Casa Publicadora da Assembleia de Deus que tem o título acima, de autoria do pastor Paulo César Lima. O comentário dele, ao indicar-me o livro, foi que a Igreja Metodista está adotando algumas práticas que os próprios pentecostais da Assembleia de Deus estão tentando remover de sua cultura, práticas essas introduzidas por influência dos neo-pentecostais e outros grupos religiosos.

São práticas perversas que provêm de errada interpretação de alguns textos bíblicos. Comprei o livrinho e tenho que agradecer a indicação que me foi feita. Recomendo a leitura. Comprei-o numa livraria evangélica que funciona numa galeria entre a Rua do Ouvidor e a do Rosário. Só R$ 8,90. Vou transcrever o que esta escrito na contra-capa, que explica o objetivo do livro:

"Existem evangélicos supersticiosos? O pastor Paulo César Lima garante que sim. E se você é do tipo que deixa a Bíblia aberta no Salmo 91 para afastar desgraças ou utiliza a expressão "tá amarrado!" como preventivo espiritual, está incluído nesse grupo. Igrejas evangélicas, nos últimos anos, têm-se rendido aos modismo espiritualistas, assumindo um comportamento antibíblico e implantando em sua cultura elementos estranhos ao evangelho original. E entre as novidades que se instalaram na Igreja atual, a quebra de maldição mereceu especial atenção do autor porque é uma afronta ao sacrifício de Cristo, limitando-lhe os efeitos.

Quebra de maldição - uma prática supersticiosa? Denuncia essa e outras práticas absurdas impostas em nome da fé e adverte dos perigos dos métodos extrabíblícos para se alcançar benefícios materiais e espirituais".

O autor é pós-graduado em ciências da religião e autor de outros livros. O livrinho como disse, é muito bom. Falando do grupo que só pensa em "guerra espiritual", o autor afirma que ele "que vem transformando o mundo num armagedon espiritual, onde forças invisíveis do bem e do mal se digladiam o tempo todo, criou uma neurose coletiva onde indefesos cristãos vêm-se metamorfoseando em "caça-fantasmas" ambulantes, afastando maus presságios, mandingas, demônios imaginários e outros bichos semelhantes de casas, quadros, esculturas, painéis, enfim, de qualquer coisa com fisionomia, rosto ou cara estranha. Parece que era tudo o que queriam: a transferência de suas culpas para as costas do coisa-ruim. Foi tão bem-vinda a nova ideia que ganhou ibope e adesão imediata, alastrando-se por todo o país. A situação chegou a um nível tão patológico que um grupo de líderes evangélicos, reunido numa conferência sobre guerra espiritual incentivou o povo cristão a pedir perdão aos índios pelo roubo de suas terras e pelo que fizemos aos negros em tempos de escravidão, a fim de que Deus pudesse tirar a maldição da terra. Isto significa que o sacrifício de Cristo não foi completamente suficiente, então Ele precisa de nossa ajuda. Que absurdo".

Para esse pessoal que parece que cultiva o diabo, achando que ele tem poderes absurdos, o autor continua: "Os defensores da chamada guerra espiritual, mesmo lendo na Bíblia que Jesus venceu definitivamente o diabo na cruz e, de forma triunfante, o expôs à vergonha da derrota, vivem como se esse fato não fosse real. Mas Paulo declara: E despojando os principados e potestades, os expôs publicamente, e deles triunfou em si mesmo (Cl 2:15).

Afirmando que o diabo não é dono de nada, o autor acha "que os pregadores da 'guerra espiritual'' deveriam estudar m ais a doutrina da soberania de Deus na Bíblia, para descobrir quem é que manda de fato neste mundo. E, ao invés de exorcizarem o diabo dos lugares aparentes, deveriam policiar aqueles áreas muitas vezes esquecidas, tais como a língua, a falta de caráter, o orgulho, a injustiça e tantas outras nas quais o diabo vem se manifestando"

E o autor continua: "Como se não bastasse essa loucademia de cristãos a postos, ainda há o grupo que importou a insidiosa 'maldição hereditária'. O pior é que essa maneira reencarnacionista de tratar os problemas pessoais tem sido aceita por diversos segmentos cristãos. Ainda há o grupo avançado da 'cura interior' que, por seu turno, esmera-se em escavar porões de consciências marcadas por um passado remoto à procura da resolução de traumas, ressentimentos, rejeições e inibições através de orações mágicas, regressões, repouso espiritual, etc. Afora esses, passaram por nós de forma meteórica os 'anjos odontológicos' que distribuíam espelhinhos para que as pessoas confirmassem o milagre dos dentes de ouro. O grande problema com esse grupo é que entristeceram muita gente que não precisava de dente e muito menos de ouro".

O autor fala, ao final do capítulo inicial do livro, de tuna outra prática que tem acontecido em algumas igrejas metodistas: "Por ultimo, encontramos um grupo linha-de-frente que não está interessado que ninguém fique de pé - querem ver todo mundo deitado. Primeiro fanerosis (manifestação), depois cair no bálsamo, agora, repouso espiritual. O modismo só troca de nome, mas é o mesmo. O que esses grupos estão fazendo com o sacrifício de Jesus e com a soberania de Deus é imperdoável".

No capítulo de apresentação do livro, o autor afirma que "o comportamento de alguns grupos evangélicos vem apenas corroborar a sofrível ideia de que com a Bíblia se pode provar tudo o que se quer. Embora seja patético aceitar tal assertiva, é o que mais acontece hoje, pelo fato de saber-se o que dá ibope, mesmo no meio evangélico, é a quantidade de experiências místicas que uma novidade pode trazer. Por isso,, a cultura adotada por vários grupos pentecostais na atualidade é a emoção, que nutre uma interpretação quase sempre sentimentalista e espiritualista dos textos bíblicos, trazendo equívocos e atitudes confusas ao povo de Deus".

Ao falar em outro capítulo sobre as superstições, o autor fala que hoje nos vemos envolvidos em hábitos extremamente supersticiosos. "Por exemplo, quando acreditamos que o Salmo 91, aberto na cabeceira de nossa cama, pode nos trazer segurança; quando reputamos que a oração no monte tem mais eficácia do que aquela que é feita dentro de um quarto; quando aceitamos como verdade o jejum prolongado como meio de resolver problemas difíceis; quando apostamos, com a vida, que a passada de óleo numa doença é a mais contundente forma de cura; quando oramos de portas fechadas, para evitar que os 'espíritos malignos' entrem em nossa casa e perturbem a nossa oração; quando oramos a Deus com a boca fechada, a fim de que o diabo não escute o que estamos falando; quando desenvolvemos um caráter cristão amedrontado, tenso e profundamente atormentado por acreditarmos que uma palavra proferida aleatoriamente pode nos trazer maus presságios e maldições; quando acreditamos num sabonete ungido, numa rosa ungida; quando aceitamos beber da água do Rio Jordão, como se ela tivesse algum poder para nos curar; quando pensamos que podemos amarrar o diabo através de um "tá amarrado!"; quando trocamos a leitura sistemática e regular da Palavra de Deus pela "caixinha de promessas, etc."

Falando sobre as maldições, o autor, quase ao final do livro, afirma que "a natureza humana corrompida é consequência exclusiva dos pecados pessoais de cada ser humano ao longo de sua existência, e não o resultado de um encantamento lançado sobre alguma família através de palavras. Por esse equívoco ' é que tanta gente vive expulsando demônios imaginários de pessoas que não fazem nada para mudar de vida. Vão à frente dos púlpitos de suas igrejas para serem oradas em reuniões de desligamento, apenas para justificarem sua religiosidade. Todavia, intimamente, não desejam nenhum tipo de transformação". Diz ainda que "os objetos não são repositórios de bênçãos ou maldição, porque não têm nenhum poder em si mesmos".

Em resumo, vale a pena ler o livro, analisá-lo bem e lutar para que essas práticas supersticiosas falsamente baseadas na Bíblia não sejam implantadas em nossa igreja. E se alguma já foi, está na hora de rejeitá-la. O de que precisamos é estudar a Bíblia, a nossa visão metodista sobre ela e evitar que práticas alheias à nossa história e à nossa doutrina se firmem em nosso meio. 

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