O chamado de Moisés por Tatcoh School |
Tanto a postagem de ontem quanto a do sábado passado foram
as postagens mais lidas nos últimos meses e ambas tratam do mesmo assunto:
unção. É curioso notar que a primeira postagem desse blog Unção: um novo sacramento?, há quatro anos e
meio, que trata também do mesmo assunto, não teve receptividade igual, e posso
garantir que, caso fosse postada há dez ou 20 anos, despertaria menos interesse
ainda. O que levaria um assunto que era totalmente irrelevante no passado a angariar
cada vez mais destaque nos dias de hoje?
Logicamente que esta resposta não será encontrada na
Teologia, pois desde sempre este foi um tema sobre o qual os pensadores
bíblicos não se debruçaram por muito tempo. Muito menos a encontraremos na
própria Bíblia, pois os textos que discorrem sobre a unção são raros e, na sua
maioria, pouco profundos. Penso que só a encontraremos alguma referência no
retrocesso que a influência das igrejas neopentecostais têm impingido às
igrejas tradicionais.
Com base no que foi exposto na postagem de ontem, em todo
Primeiro Testamento quando uma pessoa era tomada pelo Espírito de Deus a
mudança se observava, antes de tudo, na relação do indivíduo com as demais
pessoas. O termo usado por Samuel na unção de Saul denota bem o que estamos
dizendo: Então o Espírito do
Senhor dominará você, e você vai agir como um profeta junto com eles e
ficará uma pessoa diferente (I Sm 10.6). Mas o que o ele quis dizer com se
tornar uma pessoa diferente? Seguindo um pouco mais o texto encontraremos: Deus
mudou o coração de Saul no momento em que ele se despediu de Samuel (I Sm 10.9)
e também: Algumas pessoas que o conheciam
viram isso e perguntavam: — O que aconteceu com o filho de Quis? Será que Saul
virou profeta? (I Sm 10.11) Quer dizer que Saul recebeu um coração novo.
Logicamente que a palavra profeta não no texto não tem o
mesmo significado que é usado atualmente no movimento neopentecostal, mas de
qualquer forma queria dizer que a pessoa passaria por uma profunda mudança de
mente. Exatamente a experiência que o Segundo Testamento vai chamar de metanoia ou de conversão.
O efeito unção não jogava ninguém no chão, pelo contrário,
erguia aquele que estava prostrado. Essa ideia da criatura rastejando como um
verme na presença do Criador em nada se assemelha à doutrina ensinada por
Jesus, principalmente quando se nega a chamar seus discípulos de servos, preferindo
tratá-los como amigos mais chegados que um irmão.
Por outro lado, excetuado o caso enigmático de Sansão, o a
unção não conferia poderes especiais ao ungido, mas tinha por finalidade
precípua realçar o dom que a pessoa já possuía, e que muitas vezes não nem sabia
que possuía. Por isso é que não concordo com lema: Deus não escolhe capacitados. Ele capacita os escolhidos. Tomando
como exemplo Moisés, Davi, Jeremias, os discípulos pescadores e Paulo,
constatamos que Deus envia os seus escolhidos ou ungidos, como queiram, com as
deficiências e fraquezas que estes possuem naturalmente, porque segundo a
Bíblia, o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. (II Co 12.9)
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