Desejo da minh'alma, William Hallmark em 2005 |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Ano da graça de 1654. Segunda-feira, 23 de novembro, Dia de Clemente, papa e mártir, e outros do martirológio, vigília de São
Crisógono, mártir e outros. Das dez e meia da noite até cerca de meia-noite e
meia. Fogo. Deus de Abraão, Deus de Isaque, Deus de Jacó, não dos filósofos e
dos sábios. Certeza. Certeza. Sentimento. Alegria. Paz. Deum meum et Deum vostrum. Teu Deus será meu Deus.
Esse texto, escrito de próprio punho pelo pensador cristão Blaise Pascal, foi encontrado após a sua morte, como uma espécie de bilhete costurado no forro de seu casaco. Talvez registre a experiência mística de sua conversão, mas certamente nos mostra como era o seu relacionamento com Deus. Não a busca de um princípio explicativo para o Universo, como é comum em alguns filósofos, mas o Deus pessoal com quem podemos realmente dialogar e interagir.
Esse texto, escrito de próprio punho pelo pensador cristão Blaise Pascal, foi encontrado após a sua morte, como uma espécie de bilhete costurado no forro de seu casaco. Talvez registre a experiência mística de sua conversão, mas certamente nos mostra como era o seu relacionamento com Deus. Não a busca de um princípio explicativo para o Universo, como é comum em alguns filósofos, mas o Deus pessoal com quem podemos realmente dialogar e interagir.
Se você ler atentamente o salmo 42, escrito em parceria
pelos filhos de Coré, entrará em contato com a mesma fonte de Pascal. Fica
muito claro, nesta bela poesia, que há uma experiência vital com Deus, através
da escolha decisiva dos salmistas: a alma que suspira pelo Senhor, que tem
verdadeira sede de Deus. Mas, ao escolher, o ser humano então entende que foi
antes escolhido por aquele que vigia com amor os nossos caminhos.
Louis Aragon adverte que já é tempo de se instaurar a
religião do amor. E o salmo esclarece que essa religião foi implantada desde sempre,
no relacionamento de absoluta e recíproca sedução entre Deus e o ser humano.
Mas a experiência de encontro Deus-homem, como aconteceu em
1654 com Pascal, tem a marca de um colóquio pessoal. Não é fruto de especulação
racional, mas justamente o que sucedeu com Abraão, Isaque, Jacó, Paulo de
Tarso... Com você, comigo. Os filhos de Coré, parceiros nesta poesia, não se
colocam diante de um altar ou de um nicho, mas confidenciam diretamente ao Deus
vivo, que a alma está sedenta daquele que age no Cosmo, dirige a História, fala
com ternura ao nosso coração. De alma para alma, no entender de Huberto Rohden.
Mas, veja bem. A experiência com Deus se expressa, no
presente salmo, como uma moção de absoluta fidelidade, porque mostra o ser
humano dirigindo-se a si próprio: espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele,
meu auxílio e Deus meu.
O filósofo e teólogo dinamarquês Sõren Kierkegaard declarou
certa vez: Pureza de coração é desejar uma só coisa. No espírito do presente
salmo, pureza de coração é suspirar e desejar tão somente a presença de Deus.
Da hinologia tradicional, separo para a sua reflexão apenas
este retalho:
Vem revelar-te a mim,
ó meu Senhor,
divino Mestre, Rei,
Consolador,
meu Guia forte,
amparo em tentação,
vem, vem fazer comigo
habitação.
No Apocalipse, João insiste:
Maranata, ora vem, Senhor
Jesus.
Um comentário:
Caro amigo Sergio
Ainda não entendi se o Jonas tem o acompanhamento de seus escritos publicados aqui. Concordando com o título, vivo repetindo que , a rigor só existe UM (01) pecado: justamente o não vivenciarmos nosso Deus interior, nossa essência divina. Daí cometemos os pecados, tanto dos 10 mandamentos como os 07 capitais, enfim, qualquer pecado.
Que possamos ter um coração puro, que busquemos sempre praticar o amor. Amém
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