Cristianismo no governo de Claudius

Um Inperdor romano, Laurence Alma-Tadema (1836-1912)
O Imperador Claudius deveria ser mais bem conhecido dos leitores do Segundo Testamento do qualquer outro imperador romano antes e depois dele, e não somente pelo fato deste Testamento mencioná-lo duas vezes.

O seu antecessor, Caio, para desespero dos judeus, ordenou que se colocasse uma estátua sua no templo de Jerusalém e determinou que Pôncio Pilatos fosse o responsável por executar essa afronta. Inconformados com essa decisão, cerca de quatrocentos judeus, sendo que a sua maioria era composta de fariseus, dirigiram-se a Decápolis para convencer Pilatos a não levar adiante a ordem imperial. Pilatos ordenou aos seus soldados que detivesse aquela manifestação a qualquer custo. Foi aí que os judeus, numa atitude sem precedentes, ajoelharam-se diante dos soldados e ofereceram seus pescoços para a degola, pois preferiam morrer a ver seu templo profanado.

Pilatos completamente desconcertado mandou que seus soldados recuassem e assim se criou um enorme problema entre ele e o imperador. Problema esse que só foi resolvido quando Claudius assumiu o poder e revogou o infame decreto.

A primeira citação no livro dos Atos dos Apóstolos refere-se à época em que Império passava pelo flagelo da fome e da seca, quando a Igreja de Jerusalém sobreviveu devido às ofertas dos cristãos de Antioquia. Tarefa que Barnabé e Paulo ficaram incumbidos de executar.

A segunda referência, no entanto, é muito mais importante. Em consequência de uma ordem imperial expulsando os judeus de Roma, Áquila e Priscila foram para Corinto e uniram forças com Paulo de Tarso, fato que desempenhou um papel crucial na história do Cristianismo. É o império de Claudius que começa a distinguir os cristãos dos judeus, pois se assim não fosse o Cristianismo não teria vingado em Roma e muito menos teria progredido, caso não fosse assim distinto da fé judaica.

Quando Cláudio tornou-se imperador, em 41, o cristianismo estava apenas começando a se espalhar pelo mundo gentio. Foi criando raízes na Antioquia da Síria e pode muito bem ter encontrado o seu caminho nas comunidades judaicas de Roma e de Alexandria. As cidades do sul da Galácia tinham sido evangelizadas, com também as principais cidades da Macedônia e de Acaia. Na maioria dessas cidades havia igrejas cristãs, cuja adesão era mais gentílica do que judaica. E foi neste clima que Paulo pôde trabalhar arduamente evangelizando Éfeso e as outras cidades da Ásia. Antes da morte de Claudius, Paulo finalmente poderia dizer aos cristãos romanos que seu trabalho no mar Egeu havia terminado e que a sua próxima investida seria Roma.

Paulo somente poderia pensar em fixar em Roma o seu quartel general para a evangelização da Península Ibérica no governo de um imperador como Claudius. Como é sabido, depois de sua morte, as coisas pioraram e muito para os adeptos da fé cristã, e mais ainda para aqueles que assumiram sobre si a comissão de propagá-la pelo mundo romano.

Foi inspirado por este período histórico que Paulo escreveu aos Gálatas dizendo: Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo; vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. A plenitude do tempo, uma plenitude que propiciou o evangelho crescer numa forma tão acentuada, que até mesmo na impossível probabilidade dos membros família imperial de Claudius encontramos adeptos.

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