O martírio de João Batista por Caravaggio |
Ouvir
dos evangelistas que João anunciava a vinda de um messias, e que este se
configurou em essência no Filho de Deus é uma leitura às avessas. Uma vez que
eles já conheciam o desfecho dos acontecimentos, dizer que João anunciava Jesus
como Messias é uma conclusão simplista. Mas não era esse o ministério de João.
Ele veio para anunciar a vinda do próprio Deus. Voz do que clama no deserto;
Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Pelo simples fato
de João anunciar para breve a vinda de Deus ao mundo, muitos de seus adeptos
pensaram ser ele o Messias.
Jesus
foi o primeiro a entender realmente quem era João, e assim reconhecê-lo como o
maior profeta da história. Tanto que colocou a si mesmo sob o seu controle. Mas
João não tinha muito claro quais eram os objetivos de Jesus. A mensagem de
Jesus soou de forma estranha diante da expectativa que João, seus discípulos e
para tudo que o povo almejava com a vinda do Messias. O Messias viria restaurar
o trono de Davi e com ele a prosperidade de Israel nos moldes antigos, mas
Jesus falava de amar os inimigos e de orar por aqueles que os perseguiam.
João
era uma figura popular e reverenciada, então, estivesse ou não condenando a
soberania de Roma, pagaria o preço por isso. Após sua morte, muitos de seus
discípulos tornaram-se discípulos de Jesus, mas isso não significou que sua
mensagem tenha desaparecido. Livro de Atos conta que Paulo encontrou um grupo
de seguidores de João na Ásia Menor vinte e cinco anos após a sua morte. Uma
seita que nunca ouvira falar de Jesus. Ainda assim a pregação de São Paulo não
conseguiu converter todos os discípulos de João em discípulos de Jesus. Ainda
hoje os mandeios, que datam a sua origem anterior a Jesus, praticam cerimônias
de banhos de purificação no Iraque e Irã. Também são encontradas na Austrália e
América do Norte. Não sendo muçulmanos ou cristãos, os mandeios veneram um
profeta acima de todos os outros: João Batista.
Leitura: Atos dos Apóstolos 19
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