Elias unge Eliseu, autor não identificado |
De acordo com os dados bíblicos, a pele ou a cabeça eram
ungidas com óleo, pomada ou bálsamo, para fins tanto profanos como religiosos. A
unção profana (o verbo sük; grego âtaúpm) pertencia à higiene corporal dos
orientais, ou era remédio. Para, naquele clima seco e quente, manter a pele
macia, era costume esfregá-la (como também os cabelos) com azeite, depois do
banho (Sl 104.15; Sl 133.2; Rt 3.3; Ez 16.9; Dn 13.17; Lc 16.6). Era sinal de
luxo misturar o azeite com ingredientes cheirosos (Am 6.6; II Rs 20.13; Mt 26.7);
para isso existia a profissão dos perfumistas (Ne 3.8; Ex 30.25; também
mulheres: I Sm 8.13), os quais guardavam o produto numa espécie de panela (Job
41.23). Ungia- se a cabeça (Sl 23.5; Sl 141.5; Ec 9.8), a barba (Sl 133.2) e
também os pés (Lc 7.38-46). No harém de Xerxes as mulheres eram ungidas com
mirra (Et 2.12; Ct 3.6; Ez 16.9); antes de uma visita de cortesia, as mulheres
tinham que ungir-se (Rt 3,3; II Sm 14.2); os israelitas mostraram a sua boa
vontade para com prisioneiros de guerra, ungindo-os antes de mandá-los para
casa (II Cr 28.15).
A unção era sinal de alegria (Pv 27.9; Is 61.3); não mais
ungir-se era equivalente a estar de luto (Dt 28.40; II Sm 12.20; II Sm 14.2; Mq
6.15; Dn 10.3; Mt 6.17); em outros textos a unção é símbolo de prosperidade (Sl
92.11; Sl 45.8). Além de finalidades cosméticas, a unção podia ter também
finalidade medicinal (farmacêutico; bálsamo), a saber, a de suavizar feridas (Is
1.6; Lc 10.34); daí no NT o uso da unção também para doentes em geral (Mc 6.13;
Tg 5.14). Em Jo 9.6 o termo unção refere-se à aplicação da saliva de Jesus aos
olhos do cego de nascimento (o colírio para ungir os olhos em Ap 3.18). Como no
Egito, assim também na Palestina, usavam-se especiarias e perfumes na
preparação dos cadáveres para a sepultura (Mc 16.1; Lc 23.56; Jo 19.40).
Como rito religioso (verbo mãsah; grego xeteiv) Ungiam-se
tanto objetos como pessoas. Objetos sagrados muitas vezes eram constituídos
como tais por uma unção; p. ex., as pedras sagradas de Jacó (Gn 28.18; Gn 35.14),
o tabernáculo com os seus utensílios (Ex 30.26; Ex 40.10; Lv 8.11), os altares
(Ex 29.36; Nm 7.10), certos animais para os sacrifícios (Lv 2.1). A unção dos
escudos (Is 21.5; II Sm 1.21) talvez não tenha tido apenas o sentido profano de
os manter brilhantes e lisos.
As pessoas a quem se aplicava a unção (Messias) eram,
segundo a opinião mais comum, apenas o rei e o sumo sacerdote (Lv 8.12-30; um
rito duplo de unção, por efusão e por aspersão). A aplicação do termo a alguns
profetas (II Rs 19.16; Sl 105.15; Is 61.1; Lc 4.18), aos patriarcas (Sl 105.15; I Cr 16.22) e ao povo (Hb 3.13; SI 84.9; Sl 89.38) parece ser uma metáfora (fiéis
no NT: II Co 1,21; I Jo 2.10-27; e Jesus: At 10.38). Para entender o
significado da unção como rito religioso, o melhor é estudar o sentido da unção
do rei. (continua)
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