Pedra do destino na Escócia, supostamente a pedra de Jacó |
Quem adentra os desertos do Sinai e do Neguebe logo se
depara com pedras erigidas em grupo ou isoladamente de modos e combinações
variadas. Elas são monumentos que nos remetem à fuga de Jacó após trapacear Esaú,
seu irmão. Mais especificamente aos versículos 11 - De tardinha ele chegou a um lugar sagrado e passou a noite ali. Pegou
uma pedra daquele lugar para servir como travesseiro e se deitou ali mesmo para
dormir, e 18 - Jacó se levantou bem
cedo, pegou a pedra que havia usado como travesseiro e a pôs de pé como um pilar.
Depois derramou azeite em cima para dedicá-la a Deus, de Genesis 28. Segundo
uma tradição antiga, essas pedras foram levadas pelo profeta Jeremias à Irlanda
e posteriormente para a Escócia.
Eu penso ser pouco provável que o profeta que iniciou o
processo de desvinculação da fé de Israel de um objeto material, no caso o Templo
de Jerusalém, tenha se prestado a esse desserviço a Deus. Uma vez que foi ele o
primeiro a entender que o que Deus queria era uma religião interior, pois são
do próprio Jeremias as palavras: Dar-lhes-ei coração para
que me conheçam que eu sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e eu serei o seu
Deus (Jr 24.7).
Mas questão que fala mais alto à nossa realidade neste
episódio refere-se à unção da pedra que Jacó oferece Deus como reconhecimento
de sua presença, em contrapartida às inúmeras exigências que ele faz: Ali Jacó
fez a Deus a seguinte promessa: Se tu
fores comigo e me guardares nesta viagem que estou fazendo; se me deres roupa e
comida; e se eu voltar são e salvo para a casa do meu pai, então tu, ó Senhor,
serás o meu Deus. Esta pedra que pus como pilar será a tua casa, ó Deus, e
eu te entregarei a décima parte de tudo quanto me deres (Gn 18.20-22).
Que tipo de oferta estamos dedicando a Deus hoje, quando
somos mais que sabedores que o seu objetivo é a conquista dos nossos corações.
Pedras, templos, réplicas da Arca da Aliança, dízimos, tudo isso faz parte de todo
um conjunto de bens materiais que ofertamos continuamente a Deus, no sentido de
angariarmos a sua atenção às nossas causas e às bênçãos advindas do
reconhecimento do nosso esforço em cultuá-lo.
Não foi Jeremias, mas Ezequiel, um outro profeta contemporâneo
seu, quem determinou de uma vez para sempre a mudança de atitude do nosso
coração no relacionamento estreito com Deus: Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito
novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne
(Ez 36.26)
Leitura: Genesis 28.
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