A declaração dos céus

Pescador, foto de Saravut Whanset

O salmo dezenove afirma com indubitável vocação poética que a universalidade da ação de Deus e o seu cuidado para com a criação podem ser percebidos apenas pela simples observação do universo. O poeta brasileiro Olavo Bilac, em minha opinião, inspirado pelo salmista, consegue acrescentar ainda mais poesia à beleza do Salmo quando diz que o dom de reconhecer Deus na criação é dado preferencialmente às pessoas que tem capacidade de amar: Pois só quem ama tem ouvidos capaz de ouvir e de entender estrelas

Contrapondo-se ao salmo existe uma corrente de pensamento na igreja que se orienta por um desabafo do apóstolo João, quando este vê a si e a sua igreja sendo perseguida e morta pelas forças imperiais romanas. Diante de tamanha mazela João expressa mais o seu sentimento repentino do que propriamente uma declaração de fé: O mundo jaz no maligno.

Em face do exposto, ficam no ar as perguntas: Então onde está firmada a nossa fé: Na teologia que diz que Deus criou o mundo em seis dias e depois descansou? Onde ele organizou o universo, deu bastante corda, ou falando modernamente, colocou uma bateria inesgotável e o abandonou à própria sorte? No tempo que Deus permite que o mal se supere e venha a tomar as suas rédeas da sua criação? Como são tão diversas as respostas a esta pergunta, quem sabe devêssemos reunir um concílio mundial de igrejas cristãs para termos consenso pelo menos no que diz respeito a esta questão. Precisamos decidir urgentemente quem é o chefe. No final das contas, de quem é a mão que segura o controle do universo neste exato momento?

Leitura: Salmo 19.

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