Um tempo depois de outro tempo

Cidades e templos, La Herrmandad Blanca
Quando a Bíblia fala da eternidade das promessas de Deus e da transitoriedade do ser humano dá a impressão de que está falando de dois conceitos de tempo diferentes. E aqui se fundamenta uma pergunta: Será que os conceitos de tempo que encontramos na Bíblia são válidos para hoje? Essa dúvida começa no Gênesis, quando o escritor atribui à criação a um dia específico: No dia em que o Senhor fez o céu e a terra (Gn 2.4). Mas logo em seguida ele faz com que entendamos que esse dia não é um dia do nosso calendário, e que é anterior ao calendário: ainda não havia árvores nem relva, porque o Javé não havia feito chover (Gn 2.5). Os seus colegas escritores, mais tardios, resolveram que fixar o tempo de Deus na história era importante, então passaram a ser precisos em suas narrativas. Para eles era importante que Israel vivera no Egito por 430 anos e que após exatos 3 meses de sua saída chegou ao Sinai. Somente a partir do deuteronomista é que encontramos a noção de passado e futuro na palavra hebraica hajjon. Mas é com Jesus que o tempo tem a sua importância determinada. Ele derruba uma das maiores instituições judaicas, que era a guarda o sábado, com um meia dúzia de palavras: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa da sábado (Mc 2.27). Pelo menos dois conceitos de eternidade podemos tirar de seu ensino. 1 - O conceito de eternidade que se expressa no amor que não teve um começo, meio e também não terá fim: tendo-os amado, amou-os até o fim (Jo 13.1). 2 – O conceito de amor incondicional, tendo-os amado, amou-os até até as últimas consequências. Então, uma vez que Deus guardou para o seu exclusivo conhecimento a dimensão quantidade do tempo, cabe a nós unicamente o desafio de cuidarmos da dimensão qualidade do tempo que ele nos concede.

Leitura: Genesis 4.

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