O que é NOVO?

Tapeçarias do Apocalipse, século XIV
A ideia de novidade se exprime no grego em dois termos diferentes: neos, que significa novo no tempo, jovem, sem maturidade; kainos, que quer dizer novo na sua natureza, qualitativamente melhor. Ambos são aplicados na Bíblia à realidade da salvação: a primeira ressalta o caráter de presença recente com relação ao passado, e a segunda, a mais frequentemente usada, descreve uma realidade totalmente diversa. O homem envelhece, mas em Deus, tudo se renova.

Pertencem a Deus a criação e as coisas novas, daí o uso de utensílios novos nas celebrações cúlticas, bem como a oferta das primícias do campo. A renovação para Israel tornou-se uma espera constante. Tanto os tempos messiânicos quanto o Dia do Senhor sinalizavam para uma renovação integral. A partir desta expectativa almejavam a renovação dos fatos que lhe foram benéficos:

Uma nova raiz. O profeta Isaías desconsidera a raiz de Davi, pois esta só gerou corrupção e injustiça. Ele dá um passo atrás na genealogia e busca novamente em Jessé um novo recomeço: Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. (Is 11.1)

Um novo Êxodo. No livro da Consolação os prodígios da volta do Exílio sobrepujarão a saída do Egito em poder e riqueza. A volta se fará para uma Jerusalém nova, e Deus não mais lutará com eles, pois o povo está despreparado e fraco, mas por eles. Deus lutará no lugar deles.

Uma nova Aliança. Diferentemente da Aliança do Sinai, que foi calcada em mandamento e obediência, a nova Aliança se fundamenta no amor. Deus cumula de bênçãos a sua noiva Israel porque a ama. Mas tal aliança só será possível porque Deus deu ao homem um coração novo, não mais e pedra, e sim de carne. Juntamente com o coração, Deus concede ao homem também um novo espírito.

O Segundo Testamento retoma a ideia do novo, com uma expectativa de uma realidade jamais sonhada antes. Por isso é que as boas notícias que Jesus traz impressionam até mesmo os mais esperançosos de Israel.

Um novo ensino. Ao levar a lei ao pleroma, uma perfeição nunca antes vista, Jesus a revoluciona, conservando apenas o essencial, como alguém que tira de um tesouro coisas novas e coisas velhas. O preceito do amor, no ensino de Jesus, é tão antigo quanto novo. Suas premissas permanecem: amar a Deus com toda alma, força e entendimento, e ao próximo como a si mesmo. As motivações é que mudaram. O amor deve ser semelhante ao de Cristo, que amou tanto que se deu por nós.

Uma nova Aliança. Na Última Ceia, Jesus declara que a nova Aliança se faz no seu corpo partido e no seu sangue derramado. Não há mais nada que o homem possa fazer para remissão dos seus pecados. Deus rasgou o escrito da dívida. Ninguém pode, nem mesmo ele, cobrar sacrifícios, penitências sobre pecados cometidos e a cometer.

Um homem novo. Cristo é o novo Adão. Não mais apenas criatura, mas herdeiro e coparticipante com Deus em uma nova criação. Nesta Deus não descansa e nem fecha a porta do Paraíso. Por isso todo aquele que crê, pode, na sua fé, revestir-se do novo. A humanidade assume a responsabilidade de ser a imagem de Deus, pois agora tem o poder de criar e destruir mundos através da sua palavra. O novo Adão é o precursor de uma renovação total do Universo, que já começou com ele, e que terminará apenas quando Deus for tudo em todos.

A nova Jerusalém. Cristo inaugurou um caminho novo que dá acesso diretamente ao Pai. Embora ainda não seja plena, cabe ao homem viver antecipadamente as suas bênçãos e promessas. Santo Irineu dizia que Cristo trouxe toda a novidade quando trouxe a si mesmo. Por isso a Igreja celebra sempre o novo. Esta é a forma que mais nos aproxima de nos tornarmos novas criaturas.

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