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Ainda sobre o versículo João 3.16 teríamos que falar da sua
contextualização, principalmente no que diz respeito a palavra filho. Logicamente
que a citação se dirige a um filho em especial, ao que na cultura semítica seria
o primogênito homem. Não se trata de um filho, mas sim de o filho, o sucessor,
aquele que perpetuaria o nome da família, e por meio de quem, segundo
pensamento da época, o pai se eternizaria. Por mais romântico que isso possa
parecer, não reflete na nossa cultura o sentido exato do que João estava
tentando transmitir. Pela própria Bíblia entendemos que o Cristo não nasceu em
um dia específico, mas que ele é a encarnação de um ser que “estava no
princípio com Deus e que todas as coisas foram feitas por intermédio dele”. Ou
seja, que “ele era Deus”. Para o pensamento moderno, o termo filho não teria
como ter estas características. Mas o termo “self”, criado por Jung para
explicar o terceiro estado da consciência, sim. Para Jung o self é aquilo que
há de melhor na pessoa, e o que o faz realizar as coisas mais excelentes.
Coisas que por iniciativa própria não seriam capazes de fazer. Então, se este
mesmo texto fosse escrito por Jung, ele ficaria assim: porque Deus amor tanto o mundo que deu o seu self, para que todo
aquele que nele crê não pereça. Não pereça para que não aumente mais a dor
de Deus. Na realidade, para João, Deus não designou alguém para sofrer em nosso
lugar. Nada disso, entregou-se voluntariamente o melhor de si mesmo, tamanha
era a sua dor pelas circunstâncias em que vivia o ser humano.
Leitura: João 3.1-16.
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