O livro de Baruc encontrado na Vulgata, a Bíblia que nos acostumamos
a chamar de Católica, é de uma preciosidade ímpar ao nos mostrar a necessidade
da confissão de pecados. Reconhecer que Deus é Deus e santificar o seu nome,
está acima de qualquer outro propósito na oração, mas não antes de reconhecermos
a nossa pequenez e de nos colocarmos no nosso devido lugar. Dessa condição qualquer
um na condição de orante está isento. Porque Deus reina muito acima dos limites
estreitos que a natureza humana está condicionada a viver e o simples fato de
desviar o seu olhar para enxergar a nossa situação e de inclinar seus ouvidos
para nos ouvir, já é muito mais do que podemos almejar. Por se encontrar entre
a vida e a morte, Baruc se vê no limiar da fronteira entre o homem e Deus, e
ainda assim consegue perceber que a sua miserável vida é o coloca em um estágio
superior aos que se encontram no mundo dos mortos. Baruc quer dizer que a alma
faminta do errante encurvado pode prestar culto, ainda que este esteja no
limite da existência. Mas ele reconhece que é Deus, exclusivamente Deus, quem
manifesta em nós a sua justiça e a sua glória. Se não tivermos a noção exata
desta desproporcionalidade a nossa oração será apenas uma lista interminável de
petições. Vivemos permanentemente entre o pecado e a graça. Moramos entre a
tristeza da confissão e a alegria do perdão. Retirar de nossa vida qualquer um
destes elementos é fazer com que percamos completamente a direção que a
mensagem do evangelho nos aponta.
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