Ovelha perdida

Ovelha perdida, reverendo John William Garrison
Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la? Assim, deixa no campo as outras noventa e nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la. Lucas 15.1-7

Texto baseado em sermão do reverendo Garrison.

O ser humano é como uma criança que perdeu o contato com a mão do pai. Corajoso é aquele que nesse mundo alienado e arruinado consegue ficar parado no meio da desesperança humana, ouvir a mensagem que Deus nos envolve em seus braços apesar de nós mesmos, compreender que Deus é por nós e que ninguém poderá ser contra nós.

Isso é verdade? Deus é por nós? Ele se importa mesmo? Mas como pode ele se importar com bilhões de pessoas? Há tanta coisa nessa vida que nos obriga a sentir a nossa pequenez e a nossa insignificância. Uma sociedade impessoal, desligada cada vez mais das pessoas e ligada cada vez mais à informática. Falta de interesse total entre as pessoas. Um mundo cheio de rastros e rostos indefinidos. Uma intimidação cósmica por habitarmos um planeta infinitamente pequeno, perdido na periferia de uma galáxia inexpressiva entre outras bilhões de galáxias. Levantamos as nossas vozes como o salmista para exclamar: Que é o homem para que Deus se lembre dele? O que é o mortal para que Deus se preocupe com ele? Dentro de cada um de nós permanece latente a pergunta: Quem sou eu para que Deus pense em mim?

Deus nos tem respondido essa pergunta de uma maneira que nos maravilha: na pessoa do seu filho Jesus Cristo. A parábola da ovelha perdida nos diz com um brilho incontestável que Deus se preocupa com o perdido. Que Deus se preocupa com os indivíduos. Que Deus está consumido por um amor inconsequente por você e por mim.

Jesus contou a parábola da ovelha perdida como resposta a uma pergunta levantada pelos religiosos. Ele tinha siso criticado por eles pelas companhias com quem andava. Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo: — Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles (Lc 15.1-2). Culpados? Claro que sim. Seu amor e sua vulnerabilidade tinham atraído um grupo de amigos bem estranhos. Os cobradores de impostos, gente odiada; sem religião, gente maldita; pessoas de má fama, gente repugnante; marginalizados de todas as ordens, gente detestável; fracassados moralmente, pessoas de que se deve ter distância.

Pecadores? Todos. Perdedores? Todos. Então por que gastar tempo com essa gente? Eu não faria uma pergunta melhor. Sua resposta não foi defensiva e ele não procurou dar uma explicação de suas ações e de suas associações. Melhor. Ele falou sobre Deus de uma maneira que responde as nossas perguntas mais incompreensíveis e elimina os nossos preconceitos mais insidiosos. Uma parábola simples que revela um Deus santo. Uma cena comum que releva uma visão celestial. Jesus responde as nossas perguntas fazendo-as suas: Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la?  Claro que vai. Quem iria querer perder o seu investimento? Assim, deixa no campo as outras noventa e nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la.

Aqui há a questão de que seus ouvintes ficaram enfeitiçados pelo drama que Jesus narrou. Ele relacionou as pessoas e as coisas familiares com a luz e a verdade esquecidas. Ovelhas e pastores eram as coisas mais comuns na vida daquelas pessoas. Cem ovelhas seria um sinal de prosperidade, mas pensando bem, que pastor é esse que deixa noventa e nove ovelhas desprotegidas num campo aberto e sai para buscar uma que está perdida? Que péssimo negócio é esse? Por que não tomar conta das que ficaram e deixar a perdida à sua própria sorte? É aqui que Jesus nos coloca contra a parede, assim como fez com os fariseus. Aqui ele os coloca nos lugar que queria. Os fariseus perceberam o impasse em que estava diante deles. Quem é mais importante? As noventa e nove que ficaram ou a única que se extraviou? (continua)

Nota: O reverendo John William Garrison além de excelente pregador era um artista plástico reverenciado. O mais interessante é que ele pintava suas telas de cima do púlpito enquanto pregava. Ou seja, sua pintura durava o tempo exato de seu sermão, e que não era longo. 

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