E assim as suas filhas
viram prostitutas, e as suas noras cometem adultério. Mas nem por isso eu as
castigarei; pois vocês, homens, têm encontros com prostitutas nos templos
pagãos e vão com elas oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. E assim um povo
sem juízo caminha rápido para a destruição! Oséias 4.13-14
Vales, montanhas e o profeta Oseias, Francisco Collantes |
Muito embora a igreja tenha feito concessões em vários outros
aspectos da vida, aspectos esses que há muito pouco tempo eram considerados
iníquos e inaceitáveis, tais como a dissolução do casamento ou aceitação de outras
opções sexuais além das consideradas normais, os parâmetros que condenam o
adultério feminino permanecem firmes e inabaláveis. Fato que se reserva somente
o adultério feminino, pois já faz tempo que se aboliu definitivamente a palavra
“adúltero” do nosso vocabulário. No nosso mundo de hoje só existem adúlteras.
Muito se especula também sobre o que Jesus escreveu na areia
naquela hora. Uns dizem ser a relação de pecados do que ali estavam, outros
intuem que escreveu os nomes dos que já haviam adulterado com ela, e que estes
eram os mais exaltados, pois de alguma forma também se sentiam traídos por ela.
Mas será que existe alguma remota possibilidade em que este episódio não fosse
tão inédito na Bíblia como estamos acostumados a pensar? Existe sim!
Oséias, o profeta bíblico que mais conviveu com situações de
adultério, fazia exatamente o contrário: inocentava as adúlteras e condenava os
adúlteros. Oseias ia fundo nessa questão, para se certificar dos verdadeiros motivos
que levavam as mulheres, não somente ao adultério, mas também à prostituição. Invariavelmente ele encontrava esses motivos
na falta de discernimento e na idolatria dos homens, principalmente dos homens
que detinham o poder político e religioso.
De repente parece que tudo ficou invertido. De repente
parece que Jesus não fez, senão cumprir uma regra preestabelecida, que estava
apenas esquecida, mas que suplantava todas as disposições em contrário. De
repente o dedo do acusador se volta contra ele.
Jesus viu além da consumação do adultério, a ausência de um
amor que nunca foi encontrado em seu marido, e que provavelmente também não
seria encontrado no amante. Viu as decepções de uma esposa que deixou a casa de
seus pais, onde gozava de consideração e liberdade, para ser jogada, contra a
sua vontade, em um mar de obrigações e tormentas. Jesus viu mais além: ele viu
a iniquidade de todo um povo que caminha a passos largos para a destruição, e para
a qual não terá qualquer rota de fuga, condenar à pena máxima uma mulher sem
possibilidade de defesa.
Entenderíamos melhor este assunto se lêssemos todo o texto
de Oseias, que numa linguagem mais adaptada ficaria assim:
O vinho e uísque deixaram
o meu povo em um estado de estupor. Eles pedem resposta a uma árvore morta. Esperam
soluções de um copo d’água. Bêbados após o sexo, eles não conseguem encontrar o
caminho de casa. Substituíram Deus pelos seus órgãos genitais. Eles adoram nos
topos das montanhas, e lá fazem piqueniques em vez da prática da religião. Sob
os carvalhos, nas colinas, eles se esticam e relaxam. Antes que percebam, suas
filhas se tornam prostitutas, seus filhos viciados e as esposas de seus filhos
estão dormindo com estranhos. Mas eu não estou indo atrás das suas filhas que
se prostituíram, nem das suas esposas que adulteraram. Estou indo atrás dos
homens que se prostituem com todo tipo de coisa, e depois vêm à minha casa para
me adorar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário