Iguais em tudo

 Ó Senhor, por que nos fazes desviar dos teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que te não temamos? Volta, por amor dos teus servos e das tribos da tua herança. Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Isaías 63.17 e 19 
O povo que andava em trevas viu grande luz
O último domingo marcou o início de um novo ano no Calendário Litúrgico Cristão. Muito embora algumas igrejas celebrem a passagem do ano com uma vigília no dia trinta e um de dezembro, o ano cristão acabou de fato no sábado, fazendo com que no dia de ontem fosse celebrado o primeiro Domingo do Advento.

A própria palavra advento assumiu na língua portuguesa mais o sentido de acontecimento, do que propriamente a expectativa do acontecimento, que é a conotação exata do termo, e mais fiel à raiz latina adventus. Porém, para a fé cristã, mais importante que a semântica é a atitude que se toma diante do novo ano do nosso Calendário Litúrgico. Ou seja, o que esperar desse novo ano e como se preparar para o Natal, que é o acontecimento maior que esta celebração aponta.

O Natal é considerado pela mídia a festa máxima da cristandade, principalmente porque é visto como um fato isolado, e não em uma sequência de fatos que são igualmente marcantes e importantes na História da Salvação. É exatamente por isso que a igreja se prepara nos quatro domingos anteriores ao Natal, revivendo esses acontecimentos na sua ordem, porque são esses acontecimentos que culminaram na chegada daquele que estava prometido desde a fundação dos séculos. Caso fosse desafiado a responder o porquê da minha existência, eu utilizaria o seguinte argumento: eu nasci porque fui concebido em um projeto de no coração de Deus bem antes do nascimento dos meus pais, antes mesmo do surgimento da humanidade e antes até da criação do universo. Pelo menos foi isso que aprendi na letra do hino 139 do Hinário Evangélico, quando diz: Amavas‐me, Senhor, ainda cintilante / A luz não irrompera ao mando criador; / Nem ainda o sol surgira, altivo no levante, / Calor trazendo à terra e força fecundante! / Meu Deus, que amor! / Meu Deus, que antigo amor!  

Justamente neste ano, o texto sugerido do Primeiro Testamento difere muito dos textos dos dois outros anos que formam a sequência de três no Calendário Litúrgico. Parte dele é o nosso texto de hoje. A celebração do novo ano começa com o reconhecimento da nossa indignidade para celebrar um novo ano. Observem a dureza com que o profeta Isaías faz a denúncia dessa nossa indignidade. Ele diz simplesmente que estamos na expectativa da celebração da chegada do Salvador, mas que nossas atitudes condizem mais com as atitudes daqueles que não se colocam debaixo do senhorio desse Salvador, e pior, estamos agindo exatamente como aqueles que nem conhecem, nem nunca conheceram o seu nome.

O profeta abre a sua denúncia com um injurioso lamento que é bem comum também nos dias de hoje: a insensibilidade de Deus para com as mazelas do nosso mundo, e o insistente apelo por mudanças urgentes. Indistintamente todos, cristãos ou não, esperamos que o novo ano chegue com uma nova perspectiva de esperança de um mundo melhor e mais justo. Contudo, estamos entrando nesse novo ano sem a preparação que se faz necessária para que esses acontecimentos venham a se tornar realidade. Estamos agindo exatamente como aqueles que esperam que as mudanças ocorram pela influência dos astros ou pelo prognóstico de um vidente conceituado.

Nada disso. O novo ano começa com novas atitudes. Começa com a preparação da chegada de Cristo mais uma vez em nossos corações, para que este novo ano, seja ele como for, apresente as surpresas que apresentar, traga as mudanças que trouxer, seja passado na presença de Deus, e na certeza de todas as coisas concorrem para o bem daqueles que o amam.

Nenhum comentário:

ads 728x90 B
Tecnologia do Blogger.