Jó I


Observaste o meu servo Jó ?
(Job 1.1-2.10)

Os estudiosos classificam Jó como um livro poético e de sabedoria. Não se trata de um livro histórico. Crentes simples e sinceros, entretanto, têm dificuldade em imaginar que Jó não tenha existido de verdade, como um homem de carne e osso. Mas o importante é que, ficção ou não, ele faz parte das escrituras e em nenhum outro lugar delas os temas abordados são tratados com tanta profundidade, o que torna obrigatória sua leitura. É bastante longo, mas deve ser lido na íntegra, sob pena de entendê-lo mal. Para cada lição sugerimos a leitura de uma parte que aprofunda de alguma maneira o tema da mesma, de modo que se complete até o fim do estudo. As versões modernas não tendenciosas da bíblia trazem geralmente uma breve introdução ao livro, que ajuda na sua compreensão.
Os breves comentários que faremos nesta e nas próximas lições servirão apenas como guia muito limitado, principalmente para alertar a respeito de ensinos importantes que passam geralmente desapercebidos devido ao nosso mau hábito de ler o livro sagrado aos pedaços.
A parte que vai até o décimo versículo do segundo capítulo e foi escrita em prosa por um autor e em época diferentes do restante, como uma espécie de introdução. É a mais problemática e deve ser relativizada à luz da mensagem bíblica como um todo, e submetida à autoridade dos evangelhos. É o único texto sagrado que se atreve a descrever com tanta intimidade uma reunião de Deus com sua corte, com os filhos de Deus, expressão que tem vários significados e que, neste contexto, se refere a seres celestiais, não humanos, criados para servir a Deus. É comum encontrá-los reunidos com Javé e, no meio deles, Satanás, nome que significa o opositor, o acusador, uma espécie de polícia civil e promotor público, ao mesmo tempo, encarregado de reunir provas e formalizar uma acusação visando a condenação do suspeito. Sendo criaturas, os filhos de Deus também estão sujeitos a erros.
Numa dessas reuniões, Deus manifestou sua satisfação com Jó; segundo ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Para Satanás, não havia mérito algum nisso, uma vez que seus bens se haviam multiplicado na terra. O que não deixa de ser estranho porque, para Jesus, ao contrário, as riquezas mais servem para afastar do que para aproximar de Deus. Este então desafiou o acusador, primeiramente, a tocá-lo em todas suas posses e, posteriormente, também nos seus ossos e na carne.
Assim, empobrecido e cheio de tumores, passou Jó a levar uma vida desgraçada, literalmente sem graça e sem a graça. Acudiram seus amigos para consolá-lo, os quais, diante da situação, num primeiro momento, simplesmente se calaram e, depois, passaram a proferir longos discursos para tentar entender a situação e ajudar o sofredor, que respondia, sempre discordando deles. Foram longas reflexões sobre a prosperidade e o sofrimento, concluídas pela intervenção do próprio Deus.
A maneira como nosso protagonista se porta diante da adversidade muito nos ensina sobre a verdadeira natureza da fé de um sofredor. Seu comportamento quando próspero, descrito em seus discursos de defesa, esclarece sobre o que significa ser íntegro, reto, temente a Deus e que se desvia do mal e, ao mesmo tempo, próspero, num mundo onde reina a opressão e a miséria.

Referências bíblicas:
Gênesis 6.1-4;  Zacarias 3.1-2.




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