Muito prazer, Bíblia! III


Texto do rev. Paulo Schütz.

FALAM DE MIM 
No capítulo cinco de seu evangelho, João registra uma palavra curiosa de Jesus aos judeus: Vocês examinam as escrituras porque julgam ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que falam de mim, mas não querem vir a mim para ter vida. (Jo 5.39-40)

Vida é outra identidade com que Jesus se apresenta, bem como o caminho, a verdade e outras semelhantes, além da videira verdadeira, cujos galhos são seus discípulos que vêm a ele conduzidos pelas escrituras.

Mas a própria bíblia registra a afirmação de Jesus de que nem todos que a examinam vêm a ele e obtêm a vida, também não ouvem sua voz, não têm sua palavra permanente neles, nem creem naquele que o enviou. Paulo atribui essa limitação, no caso dos filhos de Israel, ao fato de ainda permanecerem com seus sentidos embotados. Isso pode também ocorrer porque essas coisas Deus preferiu revelar aos pequeninos e ocultar aos sábios e instruídos, de acordo com o testemunho do próprio mestre.

O episódio relatado no capítulo sétimo do evangelho de João é bastante esclarecedor a respeito de tais coisas. Jesus ensinava no templo e logo os judeus se maravilharam pelo tanto que sabia sem ter estudado. E ele revelou algo muito importante: Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, conhecerá a respeito da doutrina. A predisposição sincera em colocar em prática o ensino bíblico é a chave que habilita a compreendê-lo, muito mais que qualquer instrução ou estudo.

Prova disso é que, na sequência, enquanto muitos da multidão creram em Jesus, os estudiosos da escritura procuravam prendê-lo. Até os guardas enviados por eles, que voltaram sem o prisioneiro, diziam: Jamais alguém falou como este homem. E Nicodemos, aquele que havia procurado Jesus à noite, que também era fariseu, contestou: Acaso nossa lei julga um homem sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?

Com certeza, a parcela da multidão não identificada que creu era composta pelos pequeninos a quem Deus se agradara em revelar sua doutrina. Os guardas que, como em todos os tempos e lugares, servem às autoridades sem fazer parte delas, identificaram-se mais com a multidão e os humildes do que com seus chefes. Os principais sacerdotes e fariseus eram os próprios sábios e instruídos, que buscavam glória para si, aos quais Deus decidira ocultar os seus mistérios. Nicodemos aparece nesse episódio como alguém que olha para Jesus com os olhos dos humildes, acatando o conselho que o mestre dera em outras ocasiões: para os grandes tornarem-se como um de seus pequeninos, a fim de entrarem no reino dos céus.

O conhecimento dos sábios e instruídos, que se alcança através de muito estudo e experiência, também procede de Deus e proporciona muitos benefícios aos homens, e serve igualmente para prosperar nos negócios, na política e para ser admirado pelos homens, mas não conduz à vida verdadeira. Esta só se alcança através da sabedoria que a Bíblia fornece, que Deus dispensa gratuitamente aos humilhados e aos que se tornam humildes, aos que têm prazer na sua lei e nela meditam de dia e de noite.

Referências bíblicas:
João 5.37-47; 7.14-31; 15.1-3; Mateus 11.25; 2ª Coríntios 3.3-14;

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