Crianças da Somália, Allvoices |
Texto do rev. Paulo Schütz
P e d i
Em várias passagens dos evangelhos,
Jesus nos incentiva a pedir, muito mais do que a buscar ou bater. À primeira
vista, parece estranho, porque ele mesmo repete várias vezes que o Pai já sabe
do que necessitamos, antes mesmo de pedirmos. Entretanto, lendo com bastante
atenção os dois versículos transcritos acima e examinando-os à luz da
totalidade do ensino do mestre, tiramos lições valiosas.
Se não aconteceu com você, certamente
já ouviu falar de alguém que retirou de sua conta bancária no caixa eletrônico
o montante que aparecia como saldo total disponível para saque e só
depois de gastar o dinheiro ficou sabendo que parte dele provinha de um tal
crédito pré-aprovado pelo qual teve de pagar altas taxas. Mas, com certeza,
você mesmo já deve ter recebido pelo correio, telefone, e-mail ou de outra
forma, uma mensagem dizendo que fora selecionado para receber grátis algo que
de fato gostaria muito de possuir: na primeira vez, você talvez, como muitos,
tenha se dado ao trabalho de preencher o longo formulário, para ficar sabendo
só no final que ainda dependia de adquirir algo que não lhe interessava nenhum
pouco e que só se fosse sorteado receberia o que já tinha sido declarado seu.
Em alguns casos, são oferecidos benefícios que nem existem, como carros pela
internet ou assessoria jurídica para por a mão num suposto benefício
trabalhista atrasado.
Por estas e outras, somos
seguidamente advertidos a não aceitar nada que não tenhamos solicitado, pedido.
E, quando pedir, conhecer bem o fornecedor. Se, quanto aos benefícios deste
mundo, devemos nos cercar de muitos cuidados, quanto mais no caso das bênçãos
espirituais. Se vacilarmos, não serão poucos, entre deuses, santos, homens e
demônios, os que se apresentarão para receber o pagamento, ou o simples
agradecimento, pela graça concedida. Na melhor das hipóteses, vamos pensar que
a conseguimos sozinhos.
A primeira coisa que devemos observar
nos versículos citados é que a orientação para pedir vem imediatamente antes de
buscar, o que leva a concluir que, ao fazê-lo, nos preparamos para a busca. Na
verdade, estamos sempre buscando coisas, por necessidade ou por simples prazer,
ocasiões em que sempre vamos prevenidos. Em geral, levamos dinheiro, porque
tudo tem um preço, a não ser que se trate de algo a que já tenhamos direito,
caso em que apresentamos algum documento para prová-lo. Talvez os mais
concretos desses direitos sejam os do trabalhador, tais como salário, férias,
fundo de garantia, entre outros. Existem os direitos do cidadão, como educação,
saúde, segurança e assim por diante. Entretanto, quando buscamos as coisas que
procedem de Deus, é importante sabermos que basta pedir, pois elas nos são
dadas por graça, não requerem nenhum pagamento e por nenhuma razão são direito
nosso.
As pessoas adultas não gostam da
sensação de dever a alguém, por isso não se dispõem em geral a buscar aquilo
para o que nada fizeram para merecer ou que não tenham condições de pagar. Já
os pequeninos não têm esse tipo de escrúpulo e sentem-se à vontade para pedir
tudo que desejam a quem pode satisfazê-los. Eis uma das razões pelas quais
Jesus nos adverte o nos tornar como eles. De outra forma, nunca tomaríamos
posse do que o Pai nos tem preparado desde a criação do mundo. Aqueles que
pensam que seus dízimos, louvores e serviços são suficientes para pagar as
bênçãos que lhe são concedidas, jamais vislumbraram a mínima parcela da
imensurável graça divina.
Quando crianças, nossos pais também
nos orientavam a sempre pedirmos o que desejávamos, mas por outra razão: porque
não era educado ir se servindo sem permissão, pois nem tudo o que agrada aos de
pouca idade é bom para eles. E isso vale também para os adultos, quando se
trata de algo do domínio divino. Adão, por exemplo, se serviu do fruto que não
tinha permissão para comer e deu no que deu.
Então, seguro de que fala com o
fornecedor certo, peça. Mas, lembre-se também: “não useis de vãs repetições”.
Isso demonstra falta de fé e não há Santo que aguente.
Referências
bíblicas:
Mateus 6.5-8, 25-34; 7-13
Mateus 6.5-8, 25-34; 7-13
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