Jesus confronta os fariseus, Tissot em 1890 |
A religião virou um jogo para manipular a opinião pública,
isso é um ponto pacífico na questão. Contudo, seu principal objetivo é a tentativa
vã de manipular o próprio Deus. Nesse versículo, Jesus denuncia a hipocrisia que
está embutida nas aparências. Fossem elas manifestadas nas caras e gestos daqueles
que praticavam jejuns ou davam esmolas, ou através de encenações de um poder que
pretensamente usado em nome de Deus, serviriam apenas para ganhar aplausos e autenticar
a sua autoridade, mas que na realidade serviam mesmo para esconder as suas más
intenções.
Os líderes religiosos confrontados por Jesus eram pietistas
fraudulentos, que obedeciam as regras de conduta que criavam, mas negavam o
espírito para o qual essas regras foram criadas. Conferindo a descrição que Jesus fez dos enganadores do seu
tempo, teremos um quadro bastante próximo dos enganadores de hoje: Mateus 23.5
- Praticam, porém, todas as suas obras
com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e
alongam as suas franjas. Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras
cadeiras nas sinagogas, as saudações nas praças e o serem chamados mestres
pelos homens. Disse também que a aflição deles em proliferar sinagogas e
duplicar o número de discípulos, eles viajaram todos os mares e alcançaram
todas as terras. Uma vez que tivessem colocado o fardo da lei nas costas de um
prosélito, não se furtavam em formar líderes religiosos duas vezes mais
merecedores do inferno que eles mesmos. Quando
um cego guia outro, acabam os dois caindo no buraco.
Concluiríamos então que o problema é a lei? Claro que não!
Paulo dizia que as demandas da lei são espirituais, exigindo o nosso amor aos
outros para cumpri-las, portanto, amar é obedecer todas as leis. Então, o
problema está em nós. Nossa motivação para obedecer a lei não tem sido o amor a
Deus, muito menos o amor ao próximo. Nossa motivação tem sido o amor próprio, no
qual desejamos ser reconhecidos, exaltados e dignos de um premio de retidão. A
causa desse erro vem da história de cada um de nós, que quando crianças
aprendemos que temos que obedecer aos nossos pais para ganharmos o amor deles.
Todos fomos marcados com a autoridade indubitável de nossos pais, nossos avós, nossos
tios e das pessoas mais velhas. O conteúdo dessa autoridade nunca é examinado
ou criticado por nós, e ela é gravada em nossas mentes como a verdade absoluta.
Então, nós chegamos à conclusão que o amor dessas pessoas é condicional.
Para nos educar, os nossos pais desfilam um cortejo de
regras daquilo que nós podemos fazer e daquilo que não podemos fazer. Eles
fazem isso porque são responsáveis, fazem isso porque nos amam. Mas isso também
nos incute a ideia de que seremos amados se fizermos o certo e se não fizermos
o errado. É uma concepção de vida imposta sem questionamento, pois não temos
outra escolha. No nosso raciocínio infantil conclui que nossos pais nos amam
por sermos bons, mas não é a verdade. Eles nos amam porque nós somos seus
filhos.
Adequamos as experiências obtidas através do convívio com
nossos pais à nossa experiência de vida com Deus. Tornamos-nos legalistas desde
a infância, e quando chegamos à idade adulta tentamos ganhar o amor de Deus da
mesma maneira, tentando fazer apenas boas obras. Esse modo de vida desemboca no
legalismo, não tem como ser diferente. E o resultado desse legalismo é o
aumento da alienação em vez da sua cura. Somos marcados a vida inteira por esse
sinal destrutivo, sem dúvida, mas podemos fazer alguma coisa? (continua)
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