O governo do justo

Klelitorion, a máquina da democracia

E ele se inspirará no temor do Senhor. Não julgará pela aparência, nem decidirá com base no que ouviu; mas com retidão julgará os necessitados, com justiça tomará decisões em favor dos pobres. Com suas palavras, como se fossem um cajado, ferirá a terra; com o sopro de sua boca matará os ímpios. Isaías 11.3-4 (NVI)

Antes de entrarmos propriamente no texto precisamos fazer algumas considerações a respeito do contexto em que viveu o profeta Isaías. A diversidade do Espírito de Deus não encontra barreiras. Se um dia se valeu de um boia-fria, como Amós, de alguém da pura linhagem sacerdotal, como Jeremias, de um amante inveterado, como Oséias, também repousou sobre um príncipe de Israel, como é o caso de Isaías. Sua vivência nos palácios o tornou ciente da podridão do governo, por conta disso, o seu messias jamais poderia surgir de um ambiente com tamanha contaminação. Por isso o idealiza na figura de um servo desprovido de qualquer autoridade, prestígio ou beleza. Para ele, o reinado do todo prometido de Deus também não poderia ter seu início com Davi, pois esse havia falhado, e muito, como rei, daí o seu retorno à raiz de Jessé, como sugerido no versículo primeiro desse nosso texto base. Ele volta com Samuel à casa de Jessé que é de onde a profecia o anuncia.

Para falar deste que vem da parte de Deus para julgar e governar o mundo, Isaías acentua características marcantes. Ele diz que o enviado tem sabedoria, conhecimento e entendimento. Curiosa esta observação em três níveis, porque ela encerra a base primordial das relações humanas. O Messias não apenas sabe, ou seja, tem uma vaga ideia. Ele também conhece, isto é, tem intimidade com a causa. E não somente isso, ele também entende. Por ser provido de todos esses atributos seu julgamento não se dá pelo que as circunstâncias apresentam e muito menos pelo censo comum. Todos sabemos da importância desses fatores em julgamento. Em Israel no tempo do profeta, muito mais era levado em conta o que a tradição oral transmitida através das gerações e o que a lei de Moisés determinava no proferimento de uma sentença do que essa inusitada e insana maneira de julgar que Isaías profetizava. Como não levar em consideração o direito adquirido? Como não priorizar a justiça encerrada na lei? Esse Messias de Isaías seria algum sem noção, por acaso? Como emplacará em juízo a partir do mais fraco. Eu penso que esse dado em particular venha ser o maior entrave que o Cristianismo impõe a Teoria da Evolução. Não é o homem descender do macaco, mas a relevância quer tem, na fé cristã o menos dotado, o menos prestigiado, o menos capacitado, que inviabiliza de uma vez para sempre a predatória teoria Darwiniana em que se estabelece sobre argumentos justamente opostos. No governo do Messias a inclusão dos excluídos não é apenas um programa, é um establishment, ou seja: a ordem ideológica, econômica, política e legal que constitui a sociedade ou o Estado.

Tomar decisões a partir do necessitado é algo que os governos ditos mais democráticos do mundo têm conhecimento, posto que a própria essência da democracia inviabiliza por completo. Por falar em democracia, o que me motivou a escrever depois de um longo período de silêncio, foi a noção equivocada com que esse termo é empregado. É do conhecimento de todos que a democracia surgiu na Grécia, porém durou pelo menos quatro séculos. Muito diferente da nossa, que não se sustenta por cinquenta anos. Saímos da ditadura de Getúlio Vargas para a democracia de Juscelino em um piscar de olhos. Mais rapidamente ainda caímos em uma nova ditadura, dessa vez imposta pelo militarismo. Mal acendemos à democracia das Diretas Já, já, de novo, tem, gente almejando a volta do totalitarismo do coturno. (continua)

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