Jesus e a pecadora por Nik Helbig |
Se a fé que vocês têm fosse do tamanho de uma semente de mostarda, vocês poderiam dizer a esta figueira brava: “Arranque-se pelas raízes e vá se plantar no mar!” E ela obedeceria. Lucas 17.6
Eu vou me investir de ousadia para comentar um dos trechos
que para mim é um dos mais complexos do evangelho, pois mistura um pedido
sincero e uma lição de conduta com uma cláusula pétrea da fé. Tudo isso num
emaranhado de citações que, à primeira vista, parecem totalmente aleatórias e
sem conexão, pois o que relação teria a obrigação de um empregado com a
proporcionalidade da fé? É exatamente aí que reside a minha ousadia: é onde eu espero
contar com a boa vontade de vocês.
A figueira brava do texto, também conhecida por sicômoro,
está inserida no texto porque tem características essenciais para a compreensão
da mensagem, visto que dá um fruto que só pode ser comido depois que insetos
vorazes a abandonam. Ou seja, só pode ser aproveitada depois de muita provação,
e que nem por isso figura dentre as frutas mais apreciadas, plenamente
consoante o versículo 10 do nosso texto: Assim
deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: Somos
empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.
Quem é aquele cristão que não espera receber algum tipo de
recompensa por sua fidelidade ainda nesta vida? Que é aquele servo fiel que não
anseia por ver os seus mais íntimos desejos serem realizados? Quem é aquela
pessoa que nunca esteve possuída da síndrome do dar e receber? E quando isso
não acontece, não perguntamos a nós mesmos onde está a tão pregada justiça de
Deus?
A vida tem as suas obrigações e responsabilidades. A vida
tem um trabalho e tem deveres. Então o que é que temos que esperar em troca
disso? Pode parecer estranho, mas a maioria de nós espera ser amado. A maioria
dá para receber. A maioria trabalha para ser elogiado. Certamente trabalha para
ser pago, e bem pago. O mundo funciona desse jeito. Outra coisa que devemos nos
lembrar é de que a apreciação sempre funciona. Várias escolas de psicologia
afirmam que muito da nossa personalidade é adquirida por meio dos afagos e
elogios que recebemos na infância, e elas estão certas.
O nosso sistema de relacionamento funciona na base do “se”.
Eu amaria você se fosse bom pra mim. Mas isso não funciona assim com Deus. Nós
não podemos manter com ele um tipo de poupança espiritual que nos permita sacar
quanto precisamos e quando temos necessidade. Pensamos que nossas boas obras,
nossa retidão e nossa conduta moral; não sabemos exatamente como nem porque,
mas na nossa cabeça alguma coisa nos diz que estas coisas condicionam a graça
de Deus a agir em nosso favor. Mas a parábola do nosso texto contradiz tudo
isso.
Jesus nunca ensinou qualquer método de intercâmbio com Deus,
e essa parábola em particular ataca nossas motivações e nosso sistema de
valores. Na continuação vamos ver o que Jesus realmente quis dizer. (continua)
Leitura: Lucas 17.5-10
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