Plantada no mar II

Triunfo da fé sobre os sentidos por Juan Antonio de Frías y Escalante
Jesus sempre deu às pessoas uma imagem libertadora do homem velho, mas sempre creditou isso ao amor de Deus e não a qualquer tipo de merecimento. A verdade é que este texto nos choca ou, pelo menos, deveria nos chocar. Ele aniquila o nosso sistema de valores, a maneira de nos relacionarmos com Deus e nos relacionarmos uns com os outros.
O que Jesus disse então? Conhecemos alguém que convidaria a sua empregada doméstica a comer antes de si, prepararia uma mesa para ela e somente depois que ela acabasse se serviria? Eu não conheço. A contratação da empregada prevê que é ela quem prepara a refeição para a sua patroa. Essa é a realidade. Todo mundo, inclusive os discípulos, sabem disso. Mas se é tão óbvio assim, então por que Jesus conta essa história? O que ele quis dizer?
Jesus estava armando uma armadilha. Ele iria conduzir os seus discípulos através de uma verdade surpreendente sobre Deus. Quando ele refaz a pergunta anterior sobre a atitude do patrão com outras palavras de antemão sabendo qual seria a resposta: Por acaso o empregado merece agradecimento porque obedeceu às suas ordens? A resposta deles é também a nossa: Claro que não. Ninguém merece gratidão por fazer aquilo que está implicitamente obrigado a fazer.
Mas isso também não vem ao caso. Então por que Jesus insiste em bater nessa mesma tecla? Ele mais uma vez não hesita em responder a sua própria pergunta: Assim deve ser com vocês. Depois de fazerem tudo o que foi mandado, digam: Somos empregados que não valem nada porque fizemos somente o nosso dever.
Depois de termos feito o nosso dever como servos de Deus não temos direito algum de esperarmos qualquer recompensa. A tradução de Almeida é mais forte ainda: Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.
Tem alguma coisa errada aí. Não pode ser assim. Não tem como ser assim. Não há recompensa alguma em trabalhar bem? Quer dizer que não há vantagem alguma em servir nosso Deus? Onde está a justiça nisso? Não seria melhor fazer errado ou não fazer nada, já que vamos servir e no fim não vamos ganhar nada? Assim parece, não é mesmo? (continua)(anterior)

Leitura: Lucas 17.5-10

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