O pedido dos filhos de Zebedeu, autor não identificado |
Parece que desde sempre a igreja esteve mais preocupada em
sentar-se no trono do que em ocupar o seu lugar à mesa. Vocês não sabem o que estão pedindo, é o que Jesus fala, quando ainda
atônito, tenta interpretar o pedido dos filhos de Zebedeu. A minha estreita
visão teológica intui que ele o faz visando dois aspectos diferentes, os quais
vou me empenhar em traduzir segundo o melhor das minhas limitações.
Primeiramente Jesus diz: Vocês não sabem o que estão
pedindo pra si. Vocês não fazem ideia do tamanho da responsabilidade que
estão chamando sobre vocês. Os discípulos só enxergaram o final feliz da
história: Jesus na glória reinando soberano. Não deram a menor atenção ao
que Jesus havia dito minutos antes: Escutem!
Nós estamos indo para Jerusalém, onde o Filho do Homem será entregue
aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à
morte e o entregarão aos não judeus. Estes vão zombar dele, cuspir nele,
bater nele e matá-lo; mas três dias depois ele ressuscitará (Mc 10.33-34). O árduo caminho que leva à cruz sequer
é levado em conta, e os tolos ainda se disseram capacitados, porque a sua
cobiça só os permitia enxergar o cálice do banquete, mas não o outro cálice, o da
agonia, o cálice do qual o próprio Jesus suplicou para não beber.
Vocês não sabem o que estão pedindo pra mim. Não sou eu que
determino onde cada um vai sentar-se. Definitivamente Jesus era benevolente
demais. Eu nem quero imaginar o que aconteceria se um pedido desse tipo fosse
feito a Paulo. Se em I Tm 1.20 ele diz que entregou Himeneu e Alexandre a
Satanás para serem castigados, por muito menos, o que não faria com esses dois?
São pedidos e cobranças que só levam em consideração três ou quatro versículos
bíblicos que falam de promessas. Todos os outros que falam da contrapartida
passaram a fazer parte de uma aliança antiga que não precisa mais ser cumprida.
Realmente não sabemos o que estamos pedindo. Não enxergamos
nada além da concepção política do messianismo. Vez por outra, aparece uma
oportunidade de fazermos a diferença, mas preferimos fazer coro com a população
em geral. Como é o caso de pastores e membros antigos manifestarem publicamente
a sua opção partidária. É justamente aí que damos com os burros n’água, mesmo
sem termos a noção concreta do que está sendo questionado, baseados em dados de
uma única fonte, damos o nosso irrestrito aval. Estamos diante da prova cabal
que a igreja nunca mediu a consequência das suas petições: nem no passado com
Tiago e João, e nem agora quando os rumos da política do país estão se
transferindo das mãos do Satanás para as mãos do Coisa Ruim.
Leitura: Marcos 10.32-45
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