Encontro às escuras

Jesus e Nicodemos, autor não identificado
Havia um fariseu chamado Nicodemos, que era líder dos judeus. Uma noite ele foi visitar Jesus e disse: João 3.1-2

Os capítulos 3 e 4 do evangelho de João mostram a sua genialidade em entrelaçar símbolos ocultos, porém, que conferem significados profundos ao texto. Eles tratam do tema encontros e relacionamentos. De como Jesus encontra e se relaciona com Nicodemos; como encontra e como se relaciona com João Batista e seus discípulos; como encontra e se relaciona com a mulher samaritana.
O primeiro, com Nicodemos, poderíamos bem dizer que foi uma iniciativa surpreendentemente fantástica de um fariseu, não fosse por um pequeno detalhe percebido pelo evangelista que tirou todo o brilho da sua atitude. João percebeu que Nicodemos foi ter com Jesus à noite, às escondidas. Nicodemos titubeou entre ouvir a palavra do Deus vivo e manter a sua reputação perante o Sinédrio.
O fato é que o famoso “cá entre nós” não existe e nunca existiu para um historiador como João. A história esteve sempre alerta para acrescentar um senão ao ato mais criativo e magnânimo que o ser humano já foi capaz de executar. Não foi diferente com Moisés, Paulo, Lutero, Agostinho de Hipona, Francisco de Assis, Martin Luther King e tantos outros.
Mas Jesus extrapola os conceitos rígidos da História. Ele passa por cima do vacilo daquele que o tomou de assalto, provavelmente em uma hora imprópria e que trazia consigo uma carga enorme preconceitos para desmontar uma estrutura de milenar de conhecimento acumulado com uma única frase: Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo. (Jo 3.3)
O confronto das ideias não termina aí. Jesus volta à carga com uma pergunta que o abala o seu mais preciso atributo: O senhor é professor do povo de Israel e não entende isso? (Jo 3.10) Jesus lhe propôs um novo recomeço. Podia ser que seja uma coisa complicada para um homem que seguia fielmente o rigor da lei entender que para a fé cristã não importa se alguém foi um assassino como Paulo, um covarde como Pedro, um delator como Judas, ou mesmo dissimulado como ele próprio. O que importa é nascer de novo, e isso serve tanto para o maior perseguido pela história, como o completamente esquecido por ela.

Leitura: João 3.1-17

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