O corpo de Cristo, godsvisionchurch.org |
Na administração das igrejas de hoje há uma divisão
estanque: aqueles que cuidam do seu patrimônio e os que cuidam da parte
espiritual. Parte espiritual? Que nome mais estranho é esse? Será que há entre
nós um esquartejador decidido a desmembrar o corpo de Cristo? Não somos mais membros
de um mesmo corpo cujo cabeça é Cristo? Nas igrejas tradicionais, sem dono, a
membresia fica responsável pela parte material enquanto que o(s) pastor(es) ficam
com todo o resto. Será que alguém já se percebeu que muitas vezes a igreja não dá
conta de sustentar essa avassaladora legião de clérigos, e que nem sempre todo o
fruto do seu trabalho, no caso do rebanho, o leite, é suficiente para isso? A
relação pastor/rebanho, que foi alvo de uma insistente pregação de Jesus, é
hoje uma relação de compromisso unilateral, pelo menos no que diz respeito à
contribuição que é efetivamente devida a cada parte. O que mais se observa é a
exigência cada vez maior da contribuição dos membros, em troca de promessas que
o pastor faz, mas não em seu nome, e sim em nome de Deus. Visita a doentes,
gabinete pastoral, assistência a fragilizados, consolo às famílias, nada disso
importa mais. O que importa é a unção que cada um vai levar para a
individualidade do seu lar. Jesus sabia que uma relação baseada no
respeito e na confiança não iria durar muito entre humanos como nós. Ele
anteviu a profusão de lobos vestidos de ovelhas que assaltariam o seu rebanho,
como também o quanto as suas ovelhas ficariam comprometidas com os bodes. Ele
expôs para nós duas imagens bem distintas: uma mesa com um banquete e uma torre
de vigia, mas nunca condicionou uma à outra. Para ele o banquete sempre foi uma
dádiva de Deus, por isso era algo que não se consumaria no nosso tempo. Mas a
vigília era encargo nosso. Ou seja, cuidemos do presente e deixemos que Deus cuide do
futuro. Precisamos cantar hoje hinos que não fazem promessas, mas que nos induzam
à confiança; que não fale tanto da glória do que está por vir, mas incite a
lembrança nas coisas que já acontecem. No que ele já fez por nós. Quem
sabe se um breve lampejo desse pensamento nos incutiria novamente a ideia de
que somos parte de algo que não pode ser dividido pelos critérios que o mundo
aprova e qualifica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário