Salmo 92, Katarine Parker |
No seu bonito livro Quem Tem Medo de Envelhecer?, Magdalena Léa, minha querida amiga, registra uma série de verdades que merecem ser refletidas, especialmente por quem está vivendo o venturoso entardecer da vida. Eu pergunto, junto com a escritora: por que o medo de envelhecer? Por que evitar as próprias palavras velho e velhice?
E verdade que vivemos em uma sociedade que não valoriza o velho. Pelo contrário. Muitos são impedidos de começar uma carreira e prestar concurso depois dos trinta e cinco ou quarenta anos! A aposentadoria é, na maior parte das vezes, uma forma de condenação injusta. E os asilos, cada vez mais, se estabelecem como o destino melancólico dos nossos velhos.
Tudo isso acusa falta de sabedoria em nossa cultura. Há povos que ainda hoje valorizam a experiência da velhice e são governados pelo saber dos mais velhos, em diferentes formas de gerontocracia. Na Igreja cristã primitiva, o presbítero se impunha, em grande parte, porque era velho, como nos lembra o próprio significado da palavra. Outro vestígio da importância de envelhecer com dignidade se encontra na figura do senador, que ainda ocupa o cenário político de nossos modelos sociais.
Saber envelhecer é, para a Bíblia, um prêmio: “na velhice darão ainda frutos” — esta a promessa do Salmista. E os velhos, como você sabe, dão muitos frutos em todas as esferas sociais, a começar da família, onde faz tanta falta a figura dos avós no processo de educação integral de nossas crianças.
Magdalena Léa lembra que se envelhecer é tão terrível por que parabenizamos quem completa mais um ano de vida?
O poeta Coelho Neto termina seu soneto com importante e oportuna exortação:
Não choremos, amigo, a mocidade, envelheçamos rindo,
envelheçamos como as árvores fortes envelhecem.
Na glória da alegria e da bondade, agasalhando os pássaros nos ramos,
dando sombra e consolo aos que padecem.
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