A batalha de Gideão, Nicholas Poussim |
Os versículos acima contam como e porque aconteceu a vitória dos trezentos de Gideão sobre os vários milhares de midianitas, amalequitas e povos nômades do oriente, povos que saqueavam incansavelmente as colheitas de Israel, instalando um clima perene de fome e morte na região. No entanto, para o nosso entendimento, muito além da narrativa de mais um milagre na conquista de Canaã, estes versículos são a prova testemunhal de que de fato existe uma consciência de culpa que pouco a pouco vai se instalando na mente daqueles que insistem na prática da iniquidade.
A Bíblia é suficientemente clara quanto à sua indignação contra todo o tipo de adivinhação ou prognósticos de futuro extraído de qualquer fonte. Então, jamais passaria pela nossa cabeça que o nosso texto base tenha servido como um prenúncio sobrenatural para a derrota fragorosa que mais tarde veio a acontecer. Mas ainda assim, posso perceber que um milagre muito maior e bem mais impactante se deu bem antes da batalha iniciar. Um milagre que corroeu a coragem, a iniciativa e toda a experiência que os exércitos inimigos haviam acumulado ao longo de várias gerações.
O sonho de um pão que foi fabricado com a cevada tirada da boca de famílias que penosamente a semearam, pela força das armas, frustrando assim qualquer expectativa da sua sobrevivência, é algo que tem muito a contar. Um pão que age como um rolo compressor, que desce morro abaixo esmagando tudo que está em seu caminho e vai, por fim, bater de frente com a tenda do comandante fazendo-a desmoronar. Reparem na sutileza dos detalhes da narrativa e tentem explicar para si mesmos como pode alguém sonhar com um simples pão arrasando um contingente militar. Reparem também na interpretação imediata do outro soldado, quando este associa o terrível pão à espada de Gideão, comandante da minúscula tropa de Israel. Ou seja, já havia se instaurado um estado de consciência de culpa naqueles soldados. Havia no ar um prenúncio de punição para toda aquela iniquidade. Havia a certeza de que aquele injusto e cruel procedimento não poderia os levar senão a um fim desastroso.
Isso me faz pensar na situação atual de nosso país cuja classe política nos levou a uma crise moral, institucional e financeira, a ponto de nos tornarmos um escárnio mundial. Eu vejo as decisões estapafúrdias daqueles que se arvoram em dizer que estão praticando a justiça, e não vejo outra saída que não seja algo que de forma bastante estranha corroa suas consciências. Isso me faz também crer cada vez mais que a nossa decisão não está na simples troca de governo ou de política, mas na consciência de todo aquele que pratica insistentemente um tipo de iniquidade, seja ela de que grau for. Penso a única saída é a conversão irrestrita de todo o nosso povo, a começar por aqueles que se propõem a seguir os ensinamentos de Cristo.
Uma coisa, você que mais sofre com um salário minguado; com altas taxas de juros; com a falência da saúde, pode ter certeza. Você não está sozinho. Deus ainda conta com outros sete mil que não dobraram seus joelhos aos deuses desse mundo. Aqueles que perseveram firmes na promessa de que: Os maus não governarão para sempre a terra do povo de Deus; se os maus governassem, até os bons começariam a fazer o mal. Salmos 125.3
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