Aquecimento e salvação

Espírito Santo e fogo, autor não identificado
Não é de hoje que estas palavras estão associadas. Wesley em uma de suas experiências espirituais disse que na hora em que se sentiu perdoado, pois havia sido tomado pelo Espírito Santo de Deus, sentiu seu coração estranhamente aquecido.  Mas a relação que pretendo estabelecer nesta meditação é sobre o aquecimento global e o Plano de Salvação de Deus, da maneira como entendemos hoje.

Não estaria trazendo novidade alguma se dissesse que muitas expressões das manifestações do Espírito de Deus em nossas igrejas são processadas à flor da pele, ou seja, de forma epidérmica. Calafrios, arrepios, pelos eriçados e suores extemporâneos têm sido uma marca constante nas reuniões de culto. Não digo que sejam as únicas, mas são as que mais estão presentes nos testemunhos que narram essas experiências. Mas em que o aquecimento global poderia estar relacionado a este fenômeno? Quase tudo, pois quase tudo passa pela superestimação da capacidade humana em determinar qual será o seu destino, seja na terra, seja no céu.

Invariavelmente todas as teorias a que estamos sendo expostos no dia-a-dia têm levado em conta a hipótese de que a humanidade alcançou um nível de civilização tão avançado, que não somente aproxima o homem de Deus no sentido em que toma em suas mãos o gerenciamento do seu próprio futuro, mas que afasta esse mesmo Deus à medida que se vê cada vez mais independente do seu amor e da sua graça.

Isso é muito claro. O homem está a um passo de criar a vida, pelo menos é o que alguns evolucionistas alegam; já conseguiu modificar a natureza de quase todos os vegetais que nos servem de alimento ou de medicamento; transtornou a genética dos animais que lhes são mais próximos: porcos, bois, cães, gatos, cavalos etc, não são mais como eram antes; se apresenta como o maior responsável pelas mudanças climáticas, acima até das variantes tempestades do sol que nos atingem com intensidade máxima. Penso que não precisamos de mais argumentos para atestar que o homem do século XXI se acha quase absoluto.

Então, de que maneira essa ideia tão perniciosa foi se reproduzir dentro da igreja? Eu digo que foi pela máxima da “tia solteirona”. Sabe aquela tia que tinha sempre uma simpatia ou um remedinho caseiro que servia para curar todo o tipo de indisposição. Sua máxima era: se não fizer bem, mal não fará! Foi por meio das inovações esdrúxulas e práticas explicitamente pagãs que os cristãos dos nossos dias adotaram como inocentes e aceitáveis. Foi achando que cada um pode servir e cultuar a Deus da maneira que lhe for mais prazerosa, conveniente e que produzir resultados mais evidentes e o mais rapidamente possível.

Vamos trocar em miúdos: Como foi exatamente que isso aconteceu? Algumas ideias me ocorrem, mas acredito que haja muitas outras. Uma delas é a prepotência de alguns cristãos que imaginam que podem manipular a vontade de Deus por meio dos seus cânticos de louvor, cuja finalidade explícita é a bajulação desmedida. Só se canta o quanto Deus é grande e o quanto ele pode, mas aceitar a submissão a esse poder é coisa que não está na letra nem na melodia. A infeliz ideia de que podemos suborná-lo com dízimos e ofertas. Muitos pensam que o dinheiro é dado a Deus, por isso fazem questão absoluta de entregá-lo nas mãos daqueles que pensam ser os seus imediatos. Pelo absurdo de supor que podemos comprar a salvação com retidão moral e boas obras.

Não é só o gado que não é mais como antigamente. Aquecimento e salvação que foram diretamente proporcionais para Wesley e para o futuro da Inglaterra, ao que parece se transformaram em uma ordem exponencialmente indireta na igreja de hoje. Jesus disse: Eu vim para pôr fogo na terra e como eu gostaria que ele já estivesse aceso!  (Lc 12.49). Mas cuidado, esse não foi o único fogo que ele disse que desceu à terra. Existe um outro do qual precisamos evitar a todo custo que ele nos queime: De fato, eu vi Satanás cair do céu como um raio. (Lc 10.18)

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