Violência policial ou discente?


Após os ânimos se acalmarem e todas as decisões terem sido tomadas, eu me autorizei a comentar o episódio da agressão policial a uma estudante negra de Columbia, na Carolina do Sul, e que trouxe à tona um outro incidente em que duas crianças, uma de oito e outra de nove anos, foram algemadas também por policiais locais.

Quero descartar de saída qualquer alusão ao fato da menina em questão ser negra e não branca, principalmente porque quero fazer uma abordagem visando à situação das escolas brasileiras, em que este fato não seria tão relevante quanto o foi nos Estados Unidos. Não que aqui o racismo não se manifeste de modo vil e vergonhoso, mas que ele é mais evidente por razões econômicas do que propriamente raciais.

Fico imaginando a quantidade de situações de conflito que acontecem entre alunos e professores nas escolas públicas das periferias das grandes cidades brasileiras, como também imagino o número de professores que gostariam de poder contar com uma força policial minimamente semelhante à demostrada por aquele policial americano quando são desrespeitados e vilipendiados verbalmente em sala de aula, ameaçados e agredidos fisicamente pelos seus alunos nas saídas das escolas. Será que se este episódio acontecesse aqui em uma das nossas escolas a repercussão mundial teria igual intensidade? E por que as agressões a professores não ganham espaço nas redes sociais e na mídia internacional? Seria porque a agressão ao aluno é muito mais rara e mais significativa do que a violência contra os professores e docentes?

Por outro lado, como imaginamos ser possível tratar um aluno que não acata uma ordem direta de um agente da lei no uso legítimo de suas funções? Posso garantir que o que esperaríamos que fosse feito iria de encontro às expectativas mais nobres dos professores que estão passando por situações semelhantes. Me desculpem o exagero, mas sou de um tempo em que medidas muito mais drásticas eram tomadas nesses casos e não repercutiam tanto, pois eram considerados trâmites absolutamente normais. Além do aluno ser sumariamente expulso da rede de ensino público, levava uma bela surra de seus pais em casa, o que tenho certeza de que nenhuma coisa nem outra acontecerá à aluna intransigente.

Diante do exposto, ouso perguntar: em que mundo pensamos que estamos vivendo? No mundo em que um policial excede o uso da força para corrigir uma situação insustentável é demitido da sua profissão e uma aluna transgressora da ordem passa para a posteridade como heroína dos direitos humanos?

Tem algo de muito estranho nesse nosso pequeno reino, pois se a brutalidade policial não procede, e não procede mesmo, muito menos procederá a atitude de pessoas, de qualquer idade, que insistem em desdenhar de obrigações mínimas de convivência.

Você que é ferrenho defensor dos direitos humanos, me diga como se deve tratar esse flagrante litígio.

Você que é ou conhece um professor que levou tapa na cara ou teve que chupar cano de revólver, me diga se estou de fato exorbitando nesta postagem.


Você que é um estudioso das escrituras, e que é um cristão pacifista, me aponte na Bíblia a passagem que diz que está errada esta minha conclusão.

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