Serpentes e pombas, Peter Kreeft |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Muitos anos atrás, na antiga revista O Cruzeiro, Millôr Fernandes contou a engraçada historinha do escoteiro que estava aflito porque não praticara ainda a boa ação do dia. É quando vê um velho que não consegue alcançar o bonde que partia. O escoteiro pensa um pouco e resolve: atiça o cachorro contra o velho que, assustado, corre e consegue tomar o bonde. E o menino volta para casa contente, certo de que praticara a boa ação.
O humor inteligente de Millôr nos mostra, como você percebe, a dificuldade para saber o que é o bem e o mal. Muitas vezes pode ser uma questão de perspectiva.
John Sanford, pastor e analista junguiano, tem um livro sobre este assunto que, agora, lhe recomendo. O título do livro é Mal — o Lado Sombrio da Realidade, e sua leitura nos mostra diferentes aspectos desse difícil problema.
Para nossa breve reflexão, basta ressaltar que todos nós temos um lado sombrio ligado ao inconsciente. Chamá-lo de mal não significa que seus aspectos, por vezes, não tenham uma utilização conveniente. Até porque querer simplesmente negar este lado de sombra não implica a sua anulação.
A astúcia, a fantasia, o humor — e tantas outras coisas que se ligam ao nosso lado sombrio — podem ser oportunamente utilizados no exercício de nossa vida. Não se trata de cair na delinquência, mas de administrar corretamente nossa sombra, sem o sentimento de culpa que apenas nos destrói.
Jesus Cristo, no texto acima, legitima o uso deste nosso lado quando exorta: “Sejam espertos como as cobras.” Mas o Mestre equilibra: “E sem maldade como as pombas.”
Por que não orar a Deus?
Aceita-me como estou, aceita-me como sou.
O Deus de Jesus Cristo certamente nos aceita.
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