A ninguém fui pesado

Paulo fabricante de tendas, autor não identificado.
Vocês foram os únicos que participaram dos meus lucros e dos meus prejuízos. Em Tessalônica, mais de uma vez precisei de auxílio, e vocês o enviaram. Não é que eu só pense em receber ajuda. Pelo contrário, quero ver mais lucros acrescentados à conta de vocês. Aqui está o meu recibo de tudo o que vocês me enviaram e que foi mais do que o necessário. Filipenses 4.15-18

Tenho o conhecimento de como funcionam as igrejas evangélicas de administração episcopal, aquelas em que um bispo é o seu líder espiritual máximo. Algumas destas igreja têm uma administração centralizada em que os recursos financeiros provêm das congregações, também chamadas de igrejas locais. São elas que fixam a base salarial dos seus pastores, assim como os benefícios inerentes à função. Moradia, luz, água, telefone, gás e planos de saúde para o pastor e para o cônjuge, assim como uma verba extra para cada filho do casal.

Logo se vê que é uma realidade completamente desvinculada da situação de crise que nosso país atravessa, pois a manutenção do pastor passa a ser a prioridade na arrecadação, ficando as atividades fins dessa igreja relegada a segundo plano. Nunca fui contra a remuneração pastoral, muito embora em nunca tivesse recebido de igreja alguma pro labore, salário, ajuda de custo ou qualquer tipo de remuneração conhecida, porém, me vejo na obrigação de comentar esse delicado assunto.

Quando me detenho para examinar o exemplo de Paulo, percebo que apenas duas igrejas o auxiliaram em suas viagens missionárias: a de Filipos e a de Antioquia. Vejam bem que estou falando de uma atividade pioneira que extrapola os limites da igreja local. Uma tarefa que dependia de tempo e recursos financeiros, uma vez que a distância não permitia que ele e seus companheiros de missão retornassem à igreja sede para suprir qualquer carência imediata. Paulo estava sozinho com Deus nessas empreitadas, e mesmo assim prestava conta de onde eram aplicadas as parcas ofertas a ele enviadas.

Lendo um blog recentemente vi ressaltada as perguntas: Como pode não ser pesado um pastor que mora em uma casa de um padrão acima dos demais membros da igreja? Como pode não ser pesado um pastor que tem um carro luxuosíssimo? Como pode não ser pesado um pastor que ostenta uma riqueza fora dos padrões inerentes à função pastoral?

Voltando novamente ao assunto das igrejas episcopais. Como pode um pastor manter assegurados esses direitos, direitos esses que foram conseguidos em uma época em que a remuneração pastoral era minguada, em uma época em que a minguada renda dos membros é quase que exclusivamente gasta para bancar os tais direitos adquiridos?

Em reuniões de líderes de igreja pensa-se em tudo. Nas diversas formas de evangelizar; nos instrumentos de louvor, na manutenção do prédio etc. E todos esses elementos estão sujeitos ao orçamento da igreja, o quanto sobra da remuneração pastoral para que eles sejam atendidos. A função precípua da igreja, que é a ação social, essa então fica restrita ao quando e ao se for possível.

Será que não há algo de podre no reino da Dinamarca?

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