Paulo fabricante de tendas, autor não identificado. |
Tenho o conhecimento de como funcionam as igrejas evangélicas
de administração episcopal, aquelas em que um bispo é o seu líder espiritual
máximo. Algumas destas igreja têm uma administração centralizada em que os
recursos financeiros provêm das congregações, também chamadas de igrejas
locais. São elas que fixam a base salarial dos seus pastores, assim como os
benefícios inerentes à função. Moradia, luz, água, telefone, gás e planos de
saúde para o pastor e para o cônjuge, assim como uma verba extra para cada
filho do casal.
Logo se vê que é uma realidade completamente desvinculada da
situação de crise que nosso país atravessa, pois a manutenção do pastor passa a
ser a prioridade na arrecadação, ficando as atividades fins dessa igreja relegada
a segundo plano. Nunca fui contra a remuneração pastoral, muito embora em nunca
tivesse recebido de igreja alguma pro labore,
salário, ajuda de custo ou qualquer tipo de remuneração conhecida, porém, me
vejo na obrigação de comentar esse delicado assunto.
Quando me detenho para examinar o exemplo de Paulo, percebo
que apenas duas igrejas o auxiliaram em suas viagens missionárias: a de Filipos
e a de Antioquia. Vejam bem que estou falando de uma atividade pioneira que
extrapola os limites da igreja local. Uma tarefa que dependia de tempo e
recursos financeiros, uma vez que a distância não permitia que ele e seus
companheiros de missão retornassem à igreja sede para suprir qualquer carência
imediata. Paulo estava sozinho com Deus nessas empreitadas, e mesmo assim
prestava conta de onde eram aplicadas as parcas ofertas a ele enviadas.
Lendo um blog recentemente vi ressaltada as perguntas: Como pode
não ser pesado um pastor que mora em uma casa de um padrão acima dos demais
membros da igreja? Como pode não ser pesado um pastor que tem um carro luxuosíssimo?
Como pode não ser pesado um pastor que ostenta uma riqueza fora dos padrões
inerentes à função pastoral?
Voltando novamente ao assunto das igrejas episcopais. Como
pode um pastor manter assegurados esses direitos, direitos esses que foram
conseguidos em uma época em que a remuneração pastoral era minguada, em uma
época em que a minguada renda dos membros é quase que exclusivamente gasta para
bancar os tais direitos adquiridos?
Em reuniões de líderes de igreja pensa-se em tudo. Nas
diversas formas de evangelizar; nos instrumentos de louvor, na manutenção do
prédio etc. E todos esses elementos estão sujeitos ao orçamento da igreja, o
quanto sobra da remuneração pastoral para que eles sejam atendidos. A função
precípua da igreja, que é a ação social, essa então fica restrita ao quando e
ao se for possível.
Será que não há algo de podre no reino da Dinamarca?
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