Autora Moony Khoa |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Li o livro Quarto de Despejo quando era seminarista em Campinas, São Paulo. Carolina Maria de Jesus, nossa escritora semi-analfabeta, é a autora deste importante documento escrito na primeira pessoa do singular, onde a vida e os problemas da favela nos são passados como um testemunho de vida, e não um ensaio sociológico.
No entanto, confesso que Carolina me fisgou de verdade quando relatou mais ou menos o seguinte: Aqui em meu barraco ouço um culto protestante. Eles falam e cantam coisas muito bonitas, mas foi o doutor Adhemar de Barros quem construiu o Hospital das Clínicas...
Adhemar de Barros era visto, na época, como um político corrupto —, alguém que enriquecia com o dinheiro do povo. Para os desprovidos e carentes, porém, seu gesto tinha grande alcance social: afinal, ele plantou em São Paulo o maior hospital da América Latina.
Penso que há momentos em que é prudente guardar silêncio, como nos lembra o profeta Amós, ao escrever para o povo que atravessava uma situação de crise. É mais importante fazer do que falar. Harvey Cox chega mesmo a pedir mais discrição verbal à Igreja; é preciso, antes, trabalhar. De que valem os palavrórios?
Temos de aprender a ficar em silêncio para que a Palavra de Deus, ela sim, possa falar através das nossas preocupações concretas e políticas para com nossos irmãos e companheiros.
Temos de aprender a ficar em silêncio para ouvirmos melhor o clamor do mundo, que está cansado de nosso dialeto pomposo e inconsequente.
Temos de aprender a ficar em silêncio para que se ausente a babel que provocamos e a verdadeira comunicação do amor seja facilitada.
Temos de aprender a ficar em silêncio para reconquistar o direito de sermos novamente porta- vozes da boa nova que nos confere credibilidade.
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