Pandemonuim, John Martin |
Não é hoje que venho repetindo aquele que é para mim um dos
versículos mais incontestes no que diz respeito à validade do fenômeno da glossolalia,
ou mais popularmente, a proliferação das línguas estranhas na igreja. Para mim
Paulo dá o cheque-mate no assunto quando em I Co 14.22, diz: De sorte que as línguas constituem um
sinal não para os crentes, mas para os incrédulos; mas a profecia não é para os
incrédulos, e sim para os que creem.
Não sei se foi causa e efeito, ou se foi por mera coincidência
que este fenômeno tenha chegado à igreja juntamente com o início da perda de
credibilidade do nome evangélico. Eu sei que de lá para cá cresceu grandemente
em nosso país, tanto a proporção de evangélicos, quanto as falcatruas
praticadas e descobertas por membros leigos e clérigos das igrejas que ousam ostentar
esse nome.
No entanto, tenho que dizer que se eu fosse levantar a
bandeira de que um fato está diretamente relacionado ao outro, não seria pioneiro
e não estaria falando sozinho. Conheci algumas pessoas que durante anos fora
incansáveis em denunciar este persistente equívoco. Lembro-me perfeitamente da
eloquência do meu falecido amigo João Wesley Dornellas quando abordava o
assunto, e os que se posicionaram contra não pararam por aí. Do passado
distante ecoa uma voz que faz uma relação muito mais profunda entre a língua estranha
e a injustiça, a corrupção, a opressão e até com o aumento de homicídios que
passou a ser observado na igreja de um tempo para cá. O profeta de Deus não
apenas interliga intrinsecamente os dois elementos, como também profetiza, aí
sim em tom de promessa e não de denúncia, que quando essas mazelas deixarem de
existir no meio do povo de Deus, as línguas estranhas e inteligíveis não serão
mais ouvidas, e aqueles que falam e oram com palavras obscuras também desaparecerão
de vez para sempre.
Isso serve para me mostrar o quanto estive errado nas minhas
abordagens anteriores, denunciando como falso este movimento. Isso serve para
me mostrar também o quanto de tempo eu perdi argumentando contra as pessoas que
aceitam como válido este fenômeno. Mas me mostrou o verdadeiro mal, o mal que eu
deveria ter combatido e denunciado.
Logicamente que eu sei que o profeta estava se referindo ao
povo babilônico que havia invadido e devastado o seu país. Mas vejo o quanto isso
serve também para nos alertar contra os perigos da Babilônia atual. Não somente
essa Babilônia que invade os nossos lares e devasta a consciência crítica dos
nossos jovens no horário nobre, como as Babilônias que criamos em nossas
comunidades. Ou seja, os verdadeiros templos faraônicos que erigimos, e os
poderosos dominadores que reinam soberanamente nos púlpitos elevados. Tudo isso
em nome de um Deus que nos exigiu apenas fidelidade para com ele e misericórdia
para com o próximo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário