Jesus Cristo a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo.
Paulo de Tarso (Filipenses 2.7)
Em seu
romance Messias, escrito em 1947, Gore Vidal focaliza a guerra fria, logo após
o último conflito mundial, analisa o momento que o mundo então atravessava, e
condena a classe econômica que detinha o poder nos Estados Unidos. Mas o enredo
da novela nos coloca em face de um desses pastores norte-americanos que se
servem da mídia eletrônica para fazer seu comércio religioso, vender “milagres”
e apresentar a “verdade” como se fosse um saquinho de pipocas.
Conhecemos bem
este tipo, na versão nacional. São os espertalhões que utilizam a roupagem
religiosa e a crendice do povo carente para fortalecer a própria conta
bancária. “Lobos com pele de cordeiro”, na denúncia de Jesus; manipuladores do
sagrado que nem sequer conhecem, apresentando-se orgulhosamente como detentores
de um poder espetacular.
E
impressionante a diferença entre esses tipos que proliferam nas crises e a
postura humilde de Jesus, que se despoja e humilha, assume a forma de servo e
marca sua mensagem com a própria morte de cruz.
Todo o
capítulo dois da carta que Paulo escreve aos Filipenses merece reflexão
especial. O povo judeu fazia e ainda faz uma distinção entre o Messias
vitorioso e o Servo sofredor retratados pelos profetas. Jesus Cristo mostra que
a grande vitória começa quando vencemos nossas pretensões orgulhosas e
compreendemos a grandeza que existe no ato de servir. Antes do Cristo, o
filósofo Sócrates já trilhava caminho semelhante para poder rebater os elogios
que lhe faziam: “Sou sábio porque sei que nada sei.”
Albert
Schweitzer foi um dos homens mais notáveis dos últimos tempos. Filósofo,
teólogo, médico, um dos maiores intérpretes, ao órgão, de Bach, deixa a vida de
prestígio de que gozava na Europa para servir, em Lambarene, aos africanos
leprosos.
— Não faço
esse tipo de trabalho porque sou intelectual.
E Schweitzer responde com
sinceridade:
— Eu também quis ser intelectual e não consegui.
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