Porque eu, o
Senhor, não mudo Deus (Malaquias 3.6)
Acho muito interessante a sugestão de J. Lewis Powel para
que analisemos a História tomando como referência o progresso. Se a vida do
homem racional sobre a Terra data de cinquenta mil anos, como querem alguns,
Powel comprime os cinquenta mil em apenas cinquenta anos, como fazemos nas
escalas dos mapas. E, se a história do ser humano pudesse ser resumida em cinquenta
anos, eis como os fatos principais aconteceram: há apenas dez anos, deixamos as
cavernas; há cinco, inventamos uma primeira forma de escrita; há dois anos
chega o Cristianismo; há quinze meses, o homem inventou a imprensa; há vinte
dias, a eletricidade; há dezoito dias, o avião; há dez dias, o rádio; há quatro
dias, a televisão... E ontem explodimos a primeira bomba atômica!
É neste mundo em mudanças, cada vez mais rápidas, que a
palavra de Deus a Malaquias tem impacto ainda maior: “Eu, o Senhor, não mudo.”
Aqui está a linha divisória entre Deus e o homem. O homem se encontra em
contínua mudança. Heráclito já afirmava: “Tudo flui e nada permanece. O mesmo
homem não mergulha no mesmo rio duas vezes, porque muda o rio e muda o homem.”
É para o homem instável, num mundo em transformações, que Deus afirma: “Eu não
mudo.”
Esta afirmação divina traz, para mim, a segurança de um
ponto de apoio necessário. Saber que Deus não muda é, segundo Malaquias, “não
ser consumido” pela angústia e perda de sentido, tal como a incômoda sensação
do astronauta que se desprende da nave e se perde no espaço sideral. As
próprias mudanças, que dependem ou independem de nós, se encaixam num plano
maior, porque tudo caminha, como lembra o padre Teilhard de Chardin, do alfa
para o ômega, isto é, do início à consumação propostos pelo próprio Criador.
Façamos, então, nossa a poesia do Salmista, que é um hino de
vitória sobre os medos, ansiedades e preocupações:
Deus é o nosso refugio e fortaleza.
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