No meio do fogo, o quebrantamento

Fornalha de Nabucodonosor, die Bibel für kindel
Azarias se deteve para orar, e abrindo os lábios no meio do fogo, disse: Por nossos pecados, Senhor, somos hoje o menor dos povos, humilhado por toda a terra; já não temos príncipe, nem chefe, nem profeta, nem holocaustos, nem sacrifícios, nem ofertas, nem incenso, nem lugar em que oferecer-te primícias e alcançar tua misericórdia. Mas temos um coração quebrantado e um espírito humilhado; recebe-os como se fossem uma oblação de holocaustos de touros e carneiros, de milhares de cordeiros cevados. Daniel 3.25;37-39 (Bíblia do Peregrino)*

Este é mais um contexto em que a Bíblia traduz a nossa realidade atual da forma mais precisa e objetiva possível. Não existe definição mais exata para os cristãos nos dias de hoje do que "humilhados por toda a terra". A arrogância espiritual aliada ao fundamentalismo idiota têm ridicularizado a igreja perante os demais segmentos da sociedade, e a humilhação ainda é um estágio menor do que a grande desconfiança que o nome evangélico evoca na nossa sociedade.

Para nós, atualmente, já não basta estarmos no meio do fogo cruzado que as políticas liberais, o capitalismo selvagem, a crise social e extremistas religiosos nos colocaram, ainda nos esforçamos para fazer todo o tipo de besteira internamente.

Já não temos príncipe, nem chefe, nem profeta, nem holocaustos, nem sacrifícios, nem ofertas, nem incenso, nem lugar em que oferecer-te primícias e alcançar tua misericórdia. Me digam se esta não é a tônica da mensagem dos pregadores dos blogueiros que levantam as suas vozes contra a situação que a igreja se encontra. Inclusive este que vocês insistem em acompanhar. Me digam se não é sobre estes mesmos tópicos que constantemente debatemos.

Nos preparativos para a Copa do Mundo tive o privilégio de ser chamado para representar a minha igreja em um culto ecumênico, que na realidade foi um culto supra-religioso. Em vez prestar um culto de louvor, os diversos credos ali representados discutiram as palavras de um juiz que subestimou um dos credos ali presentes, classificando-o como mera seita. E é exatamente esta a contra ofensiva da igreja diante da ciência, do ateísmo e da falta de credibilidade a que está exposta; sair atirando para todos os lados.

Totalmente diferente do que um sub-profeta de Deus fez no passado, quando a sua fé foi provada em uma fornalha gigante, aquecida sete vezes mais do que o habitual. Antes de lamentar a falta de uma liderança religiosa séria, das mensagens distorcidas do evangelho, da falta de um lugar onde se fale do amor de Deus e não das vantagens que a fé pode propiciar, ele reconheceu os seus pecados e os pecados do seu povo. E o que ele tinha a oferecer a Deus não era um uma legião de gladiadores, não é uma guerra declarada à outras religiões, não era um aumento nos canais e horários da televisão, não era um templo faraônico e muito menos relíquias sagradas. O que ele tinha  a oferecer a Deus era apenas um coração quebrantado. Quebrantado diante de Deus e diante da realidade que se instaurou à sua volta. E na sua humilde oração ele pede que Deus não atente para todas que poderiam servir como prova da retribuição de uma fé que foi privilegiada com bênçãos, saúde e prosperidade, mas que o aceite como ele é, e como pode se apresentar naquele momento.

Quando é que vamos aprender essas lições tão simples da Bíblia? Quando é que eu vou discernir o essencial do supérfluo? Quando será o dia que eu conseguirei fazer deste blog um agente fiel, justo e reto do Reino de Deus?

*este texto é encontrado apenas na Vulgata, a Bíblia utilizada pelos irmãos católicos e usada também pela maioria dos protestantes ao redor do mundo. 

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