Reflexos do sol, autor não identificado |
Texto
do rev. Jonas Rezende
O
ser humano foi criado para a luz. Para uma vida coerente, transparente e reta.
Salomão, no texto acima, associa a vida do homem ligado à fonte da Vida com
aquela que, à semelhança da luz da aurora, brilha mais e mais até ser dia
perfeito.
Nem
sempre, no entanto, como você tão bem o sabe, é assim. Jesus Cristo constata, com
profunda tristeza, que, frequentemente, os homens amam mais as trevas do que a
luz. E a Bíblia como um todo tem a força de um apelo: “Andem na luz.”
Maurice
Maeterlinck, que era para o nosso Monteiro Lobato “o poeta-filósofo do
indizível”, nos fala em seu livro A Sabedoria das Flores sobre as frases
escritas nos relógios de sol, tão comuns na velha Europa. Uma delas se
relaciona, para mim, com o presente texto de Salomão. Note bem: o relógio, que
apenas marca as horas em que o sol o ilumina, traz a seguinte inscrição: “Eu só
conto as horas claras.”
Sempre
que o pessimismo me atrai para a penumbra de um mundo cinzento, esta frase me
alerta: “Eu só conto as horas claras.” Não há qualquer dúvida: é preciso viver
e andar na luz. Temos de espanar os pensamentos negativos, a atmosfera de
velório que, por vezes, nos cerca. O Salmista corrige a nossa impaciência quando
afirma: “O choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem pela manhã.”
Com o sol, com a luz.
Nehemias
Gueiros, que, além de jurista, também nos deixou belos e sensíveis poemas,
medita sobre esta frase do velho relógio e escreve como se o relógio de sol nos
interpelasse:
Por que contas as
escuras,
sempre tão curtas e
raras?
Eu só vejo as horas
puras,
'eu só conto as
horas claras’.
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