A adúltera, Lorenzo Lotto |
Texto do rev. Paulo Schütz.
Esta postagem
encerra uma sequência de dezoito deste blog que não constituem necessariamente
uma série, mas estão articuladas uma às outras. Começou com Que é o homem...? e as que seguiram
fazem referência à precedente no início e, no final, à que segue. O conjunto
poderia chamar-se A religião de Jesus.
Na terceira,
intitulada Como entramos nessa?, verificamos que a vida religiosa de cada
homem e cada mulher começa quando se perguntam Que lugar é este? Que estou fazendo aqui?, pois é o criador e
mantenedor de todas as coisas que lhes propõe diretamente estas questões, no
íntimo. Ao empreender a busca pelas respectivas respostas, inicia-se a vida
religiosa de cada indivíduo, seu diálogo consciente com Deus.
No decorrer dessa
conversa, mesmo ignorando a verdadeira identidade do interlocutor, a criatura
vai percebendo que este lugar não está como deveria, que ela tem
responsabilidade nisso e que está ao seu alcance recolocar as coisas nos seus devidos
lugares. O criador prossegue propondo-lhe questões para que ela vá concluindo
por si mesma como deve proceder. Ela verifica que é bastante fácil saber qual a
coisa certa a ser feita, mas também, quão difícil é executá-la. Continuando
nesse caminho, ela acaba encontrando a Jesus Cristo.
Esse encontro deixa
inquestionavelmente claro o que significa proceder bem, alegrar-se com os que
se alegram, chorar com os que choram, de modo que muitos preferem prosseguir
mesmo no mau caminho e decidem combatê-lo, persegui-lo, crucificá-lo. Outros,
embora conservem no coração o desejo puro e sincero de proceder bem, ainda
permanecem com muitas incertezas e hesitam em aceitar a oferta de nascer para
uma nova vida; a estes, pacientemente, ele continuará propondo questões e
sugerindo as melhores respostas e, ao mesmo tempo, protegendo-os e amparando-os
na caminhada, como sempre fez.
Mas você, que
aceitou a oferta de nascer de novo, não da carne que para nada aproveita, mas
do espírito que vivifica para a vida eterna, já pode dizer que não é mais você
que vive, mas Cristo vive em você, a vida que pulsa no seu íntimo, o anima e
move não se resume aquela que apenas aflorou quando sua mãe o concebeu e que se
extinguirá com o último suspiro de seus lábios, mas sim aquela que já pulsa na
criação desde sua origem, que anima a esperança de uma renovação constante, e a
move em direção ao bem supremo. Você não tem mais sonhos, frutos de sua pobre
imaginação carnal, que poderão alegrá-lo por um breve tempo e se desvanecerão
antes que seu corpo carnal retorne à terra, mas tem visões divinas tais que
nenhuma mente humana seria capaz de conceber. Seus projetos passaram a ser tão
somente parte daquele que está em andamento desde os primórdios e apenas será concluído
quando a obra divina atingir sua plenitude.
Em Jesus, Deus
passou a estar bem mais perto de você. Convive com ele diariamente, e são tão
íntimos, que sua voz passou a ser inconfundível, sabe distingui-la no meio do
burburinho deste mundo e não irá atrás de nenhum mercenário. Por mais que o mar
se revolte e todos o abandonem, você percebe sua mão o amparando.
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