Não ter vergonha do que Deus criou


O Cântico dos Cânticos, Chagal
Texto do rev. Jonas Rezende

Após terminar A Súmula Teológica, uma das obras mais citada peia Cristandade, São Tomás de Aquino teria dito: “Tudo é palha!” E não escreveu mais nada durante três anos. Só depois, a pedido de uma monja, fez o seu comentário ao Cântico dos Cânticos, de Salomão, que fala do amor humano.

É tradicional e persistente, como você sabe, a tentativa de espiritualizar este livro. Judeus ortodoxos querem ver nele o amor de Javé para com Israel, e os cristãos conservadores entendem que é o casamento de Jesus Cristo com sua Igreja. A verdade é que Salomão discorre poeticamente sobre o enamoramento e a sedução entre um homem e uma mulher. E não há nada errado em considerar a mensagem do livro exatamente como foi escrita.

Muito tempo antes de Reich, que prioriza o corpo, escreve Terêncio: “Sou homem, e nada do que seja humano considero fora de mim.” Isto é, o pensador latino está advertindo de que Precisamos assumir alegremente a condição humana, e é claro que o corpo não pode ficar de fora. Eros, o amor físico, é valorizado na Bíblia, especialmente através do “Cantares”. O teólogo Dietrich Bonhoeffer chega a dizer que qualquer outra consideração, quando nos braços da mulher amada, é, no mínimo, falta de bom gosto.

Nem a deformação medieval de castração da vida. Nem o sexo livre, que rouba a beleza profunda do amor. Salomão nos fala que há santidade no sexo com ternura. Afinal, a própria Natureza vai para  frente porque Deus criou a atração e o enamoramento do amor.

Certa vez uma repórter pensou que me encabularia ao perguntar sobre uma cena artística de amor representada por minha filha, Lídia Brondi. Aproveitei a oportunidade para refletir com a repórter, como faço também agora com você:

Não podemos ter vergonha de possuir e usar o que Deus não teve vergonha de criar. 

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