Após terminar A Súmula Teológica, uma das obras mais citada peia
Cristandade, São Tomás de Aquino teria dito: “Tudo é palha!” E não escreveu
mais nada durante três anos. Só depois, a pedido de uma monja, fez o seu
comentário ao Cântico dos Cânticos, de Salomão, que fala do amor humano.
É tradicional e persistente, como você sabe, a tentativa de
espiritualizar este livro. Judeus ortodoxos querem ver nele o amor de Javé para
com Israel, e os cristãos conservadores entendem que é o casamento de Jesus
Cristo com sua Igreja. A verdade é que Salomão discorre poeticamente sobre o enamoramento
e a sedução entre um homem e uma mulher. E não há nada errado em considerar a mensagem
do livro exatamente como foi escrita.
Muito tempo antes de Reich, que prioriza o corpo, escreve
Terêncio: “Sou homem, e nada do que seja humano considero fora de mim.” Isto é,
o pensador latino está advertindo de que Precisamos assumir alegremente a
condição humana, e é claro que o corpo não pode ficar de fora. Eros, o amor
físico, é valorizado na Bíblia, especialmente através do “Cantares”. O teólogo Dietrich
Bonhoeffer chega a dizer que qualquer outra consideração, quando nos braços da
mulher amada, é, no mínimo, falta de bom gosto.
Nem a deformação medieval de castração da vida. Nem o sexo
livre, que rouba a beleza profunda do amor. Salomão nos fala que há santidade
no sexo com ternura. Afinal, a própria Natureza vai para frente porque Deus criou a atração e o
enamoramento do amor.
Certa vez uma repórter pensou que me encabularia ao
perguntar sobre uma cena artística de amor representada por minha filha, Lídia
Brondi. Aproveitei a oportunidade para refletir com a repórter, como faço também
agora com você:
Não podemos ter vergonha de possuir e usar o que Deus não
teve vergonha de criar.
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