É pecado ser tímido?

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte. Apocalipse 21.8

Revelações do inferno, artista coreano não identoficado

Texto do rev. Jonas Rezende.

Creio, e partilho já de início com você, que este texto, escrito com mentalidade oriental, pode ser traduzido de forma diferente. É a timidez, a incredulidade, a abominação, o homicídio, a impureza, a feitiçaria, a idolatria e a mentira que serão definitivamente destruídos. Como lembra Santo Agostinho: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”.

Mas note que a lista de condenações começa com os tímidos ou a timidez. Eu pergunto: seriam a timidez, a covardia, tão graves quanto as outras manifestações de desvio que lemos a seguir? Vamos ver.

Uma resposta, dentro da perspectiva psicológica, já nos mostra o perigo da timidez. Os tímidos não sabem furar, não têm, frequentemente, garra; ficam mais tempo nas filas, são mal atendidos, perdem oportunidades excelentes, até porque não sabem dizer não. Os tímidos, em resumo, não são bem-sucedidos nas relações humanas.

Se focalizamos a questão pensando na justiça social, o problema fica bem mais grave. Os tímidos deixam de denunciar, mantêm os olhos baixos, os ombros curvados, não defendem convenientemente os injustiçados. Os tímidos se escondem na própria covardia.

Mas é no plano espiritual que as implicações da timidez são desastrosas. Porque o contrário da timidez, para a Bíblia, é a atitude de fé. E, sem fé, nossos gestos são menores e a vida perde sua dimensão superior e eterna. “Sem fé, é impossível agradar a Deus”.

Walter Jens afirmou que não ter medo e esperança é igualmente desumano. Temos então de reforçar nossa esperança e banir o medo que sufoca a existência. O caminho que o apóstolo João nos aponta é o do amor, que “lança fora o medo”. E o poeta Ivo Torres complementa: No amor, o vencedor foi sempre o sonho.

Por que, então, suportar o pesadelo da covardia?