Estabeleça limites em torno do monte e diga ao povo: Tenham
o cuidado de não subir ao monte e de não tocar na sua base. Quem tocar no monte
certamente será morto; será apedrejado ou morto a flechadas. Ninguém deverá
tocá-lo com a mão. Seja homem, seja animal, não viverá. Somente quando a
corneta soar um toque longo eles poderão subir ao monte. Êxodo 19.12-13
Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua
cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico, onde o
crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. João
19.17-18
Todas as vezes que alguém tenta me mostrar que a adoração
nos montes é um dos meios de adoração plenamente aceito por Deus, ocorre-me a
ideia de que pode vir a ser ao mesmo tempo um retrocesso perigoso
para a prática de fé cristã. A minha voz não é a única a se manifestar contra
as novidades propostas pelas pessoas que têm esta e outras formas de adoração
com base nos antigos rituais judaicos. Segundo o que muitos desses apregoam,
subir um monte nos coloca mais perto de Deus, o que não é um argumento válido e
sim infantilidade espiritual, como na angustiante pergunta do salmista: Elevo meus olhos para os montes; de onde me
virá o socorro? Uma triste constatação de que o seu socorro não
estava nos montes e sim no Deus que os criou.
Jesus, no diálogo com a mulher samaritana, deixou claro que
não seria nem o Monte Gerezim e muito menos o Monte Sião, locais propício para
se prestar culto ao seu Pai. Seguindo de perto o rigor das palavras dos profetas
do Antigo Testamento, que foram incisivos e incansáveis em denunciar esta
prática, pois os montes eram os locais preferidos pelos os povos vizinhos para
reverenciar seus deuses e a eles executarem os mais abomináveis
sacrifícios.
Uma atitude quase que obrigatória aos reis de Israel que
foram tementes a Deus era acabar de forma definitiva adoração nos montes. É bem
certo que Elias subiu ao Monte Carmelo, porém com a finalidade específica de
confrontar os profetas 400 de Baal em um desafio pra lá de ousado O profeta de
Deus sozinho, com o risco da própria vida, propõe uma acareação entre os deuses
pagãos e o Deus de Israel. Mas o faz no campo inimigo, nas regras do inimigo e
com a bola do inimigo. Ou seja, confrontou destruiu tanto seus deuses quantos seus
profetas dentro do quartel general deles, uma vez que o Monte Carmelo fica em
território pagão.
Outra referência negativa quanto a subida nos montes pode
ser encontrada nos nossos dois textos basilares. Num clima de terror e ameaças,
Moisés recebe as tábuas da lei no monte que não pode ser sequer tocado por
outro ser vivente, sob a pena desse morrer apedrejado e depois flechado. Num
clima de degradante humilhação, o Senhor Jesus sobe o Monte Calvário carregando
a infamante cruz, naquele que deveria ser o trecho mais causticante da sua
paixão.
Lembro-me da minha infância na igreja, quando subíamos o
Morro dos Macacos, em Vila Isabel, bairro do Rio de Janeiro, com propósitos bem
diferentes: Ou levado, para não dizer arrastado, pela mão da minha mãe, quando
comissionada pela Sociedade de Senhoras a fazer visita a um membro doente ou
desgarrado da nossa igreja; quando não, com o grupo de adolescentes, conhecido
Sociedade de Juvenis, para distribuição de folhetos evangelísticos.
O que mudou de lá pra cá? Melhor perguntando: Se tivermos
realmente que subir um monte para adorar, que monte escolheríamos? Devido o
aflito movimento de hebraísmo levado a cabo por muitas de nossas igrejas, não
tenho a menor dúvida que, para a maioria, o Monte Sinai seria o escolhido.
Posso até antever uma subida clássica. Passo a passo; atrás de uma réplica da
Arca da Aliança, ainda que minúscula; homens de cabeça coberta por um kipá,
tocando shofares; mulheres de véu carregando menorás; subindo com hinos de
louvor em alta voz; acompanhados de instrumentos musicais no máximo
volume.
Contudo, antes de começarmos a subida gostaria de lembrar
palavras de Billy Graham, um homem que seguindo os passos de John Wesley, que
pregava do alto do túmulo do seu pai, foi aclamado como o maior evangelista do
século XX: Avivamento não é descer a
rua com um grande tambor; é subir ao Calvário em grande pranto. (Anterior)
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