O que é FORÇA ou PODER?

O poder de Deus, Rina Coetzee
No Primeiro Testamento, a força do homem pode ser simplesmente sua força corporal, mas também a sua força viril, e de modo particular a sua potência procriativa, onde o primogênito é a primícia da força: Gn 49.3 - Ruben, tu és meu primogênito, minha força e as primícias do meu vigor, o mais excelente em altivez e o mais excelente em poder. Mas pode, de igual modo ser a força e a coragem na luta.

Também riqueza e prosperidade são consideradas como força: Jó 20.10 - O homem de bem deixa herança aos filhos de seus filhos, mas a riqueza do pecador é depositada para o justo. Temeridade e obstinação são uma força que se dirige contra Deus; em linguagem figurada: enrijecer o rosto ou a fronte. Em última análise é Javé quem dá força a Israel: O Senhor dá força ao seu povo, o Senhor abençoa com paz ao seu povo; ao seu povo no sentido escatológico: Is 40.31- mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam; ao justo: O arco dos fortes é quebrado, porém os débeis, cingidos de força; ao rei teocrático: I Sm 2.10 - Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o poder do seu ungido; aos profetas Mq 3.8 - Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado; ao Messias-Rei: Is 11.2 - Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR; ao Servo: Is 49.5 - Mas agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó e para reunir Israel a ele, porque eu sou glorificado perante o SENHOR, e o meu Deus é a minha força.

O homem louva a Deus como a minha força. Em sentido metafórico a força é representada pela mão e pelo braço de Javé, que salva o seu povo com mão forte, com braço estendido.

No Segundo Testamento, Deus é o Poderoso e é chamado “a FORÇA”, título esse que se deve à literatura rabínica. O seu poder, sinônimo de força, manifesta-se da criação ao Apocalipse. Sobretudo, a atividade salvífica de Deus é descrita como obra do seu poder: a concepção de Jesus, a sua ressurreição e glorificação. A vitória sobre Satanás, a salvação trazida por Jesus, o definitivo do Reino de Deus; as doxologias; a ressurreição dos mortos é atribuída ao Verbo Divino e ao Cristo glorioso, especialmente com relação à sua volta gloriosa.

Para designar o poder de Jesus histórico, no sentido de autoridade, plenipotência, soberania, é usado especialmente o termo éxousia. Jesus tem esse poder sobre os espíritos imundos, para perdoar os pecados, para ensinar, para agir, para julgar, sobre sua própria vida e sobre toda a carne. Ao poder de Deus e de Cristo opõe-se o poder de Satanás, das trevas, do Anticristo, da "fera” e dos seus asseclas. Os apóstolos participam do poder (éxousia) de Jesus. Eles têm o poder de comunicar o Espírito Santo e poder de ministrar os sacramentos sobre os fiéis. Os que creem recebem o poder (éxousia) de se tomarem filhos de Deus; os eleitos recebem poder sobre os povos e sobre a árvore da vida. Os instrumentos de Deus nas calamidades escatológicas recebem dele seu poder.

Além desses textos há uma série de outros, que falam no poder de Deus e de Cristo como força salvífica. Entre os sinóticos, sobretudo em Lucas, se descreve o Jesus histórico como cheio da força de Deus. Essa força se manifesta nos exorcismos de Jesus, nas curas, na sua atividade em geral. Jesus comunica essa força aos seus apóstolos e discípulos; ela opera neles, sobretudo depois da descida do Espírito. Pela sua morte e ressurreição Jesus tomou-se a força de Deus, para a salvação. Essa força opera através do evangelho. Ela sustenta a atividade dos pregadores do evangelho, e faz a sua mensagem penetrar nos corações, fá-los vencer dificuldades e fraquezas, torna- os perseverantes. Como a força de Deus operava na ressurreição e glorificação de Jesus, assim a força de Deus e de Cristo opera também nos fiéis. Ela opera o renascimento, os carismas, a vida cristã, a perseverança, a salvação definitiva, a ressurreição dentre os mortos. À força do evangelho é confrontada de um lado a impotência da carne dos sacrifícios do culto antigo, de outro lado, a força de Satanás e do pecado.

O termo éxousia indica também poder humano, no sentido de autoridade; pessoas constituídas em poder e autoridade. Todo poder e autoridade humanos vêm de Deus. Frequentemente o uso de dinameis, geralmente no plural, serve para designar os prodígios de Jesus e dos discípulos. 

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