Para isso é que vim II

A igreja no deserto, www.temkit.com
Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam. Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim. Marcos 1.37-38
 
A grande maioria das campanhas de evangelização partem da ideia de que um convite deve ser feito para que a pessoa, que se pretende evangelizar, compareça em uma determinada igreja, numa certa hora, pois neste lugar e nesta hora, de Deus ela receberá uma mensagem de Deus que irá ao encontro de suas necessidades mais essenciais. Corrijam-me se eu estiver errado.

Embora tenha nascido em uma igreja que se pautava por esta prática sou testemunha que tenha conseguido algum resultado, mas tenho hoje muitas reservas a este método de propagação do evangelho, e vou tentar, em rápidas palavras, desmembrar em três níveis os motivos da minha resistência.

Em primeiro lugar queria contestar a preparação do cenário. Parece é preciso que antes se dê uma faxina geral na igreja, para que o clima reinante seja o mais harmonioso e convidativo possível. É aí que ficam escamoteados todos os problemas da igreja local, problemas esses que podem ser observados quase que de imediato em qualquer dia comum. É o coral disputando espaço com o grupo de louvor. Aquela família que se anuncia pela opulência de seus trajes. Pessoas indo repetidas vezes ao altar, como se a oração que foi feita anteriormente não surtisse o efeito desejado. Fica recomendado de antemão que todas essas mazelas sejam evitadas, para não causar a má impressão, que é a  impressão que de fato predomina naquele ambiente.

O segundo nível se revela no culto em si. Depois da já comentada disputa de espaço, vem um pregador, geralmente um convidado que pouco ou nada sabe da relação da igreja com a comunidade local, e apresenta uma mensagem totalmente diferente do que deveria esperar, que seria uma mensagem para anunciar uma boa nova do evangelho. No entanto, arma-se um cenário de consternação para fustigar as feridas mais comuns: problemas de dinheiro, saúde e relacionamento familiar, e, através desse tipo de ratoeira, tentar angariar mais uma alma para Cristo.

Eu penso que uma consideração mais apropriada do terceiro nível poderia evitar a maioria desses problemas. A primeira seria a tomada de consciência de que Cristo já é Senhor daquela pessoa, e que a única diferença é que ela ainda não sabe disso. Apenas isso, mudaria completamente o foco da mensagem. A segunda consideração, seria se apresentar diante das pessoas na forma que naturalmente somos: pecadores comuns que confiam na graça de Deus a sua remissão. Somente essa proximidade nos faria mais íntimos, e assim conheceríamos as reais necessidades do evangelizando. Uma consideração importante nos é ensinada pelo rev. Dietrich Bonhoeffer: fale mais com Deus sobre a pessoa que você quer evangelizar, e menos sobre Deus com ela.

Muito embora essas observações não tenham a pretensão de serem definitivas ou inquestionáveis, eu gostaria de apresentar agora uma outra, que esta sim, é definitiva e inquestionável. Ela pode ser resumida em uma só palavra: ide.

Jesus não nos pediu nada que ele mesmo não tivesse feito, e também não exigiu que renunciássemos a qualquer vantagem que ele mesmo não tivesse renunciado. Quando medito nas radicai viradas que aconteceram, principalmente  começo do seu ministério, quando as pessoas começaram a se aglomerar em torno dele. De imediato partia para outro local onde seu nome ainda não era conhecido. Era no solo mais árido que ele fazia questão que a sua mensagem fosse lançada.

Para isso é que vim. Não vim para ficar confortavelmente sentado no meu trono de glória, esperando que os pecadores arrependidos se predisponham a vir até mim. 

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