Tenha a santa paciência

Esperei confiantemente pelo SENHOR; ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro. Tirou-me de um poço de perdição, de um tremedal de lama; colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos.
O tempo de Deus, Zivotinje Ljudi
Leia Salmos 40.

Texto do rev. Jonas Rezende.

Santo Agostinho teve uma vida que poderia ser separada em duas partes distintas e bem definidas. Foi primeiro um jovem pensador de vida pecaminosa para os padrões da Idade Média, até que se converteu ao cristianismo e se fez padre. Morreu bispo, respeitado como teólogo e, por fim, considerado santo. E dele a bonita prece: nossa vida, ó Deus, foi feita para ti, e não encontra descanso enquanto não repousa em ti.

Muitos são os fatores que influíram no processo que fez de um moço mundano o autor de As confissões e A cidade de Deus, clássicos da literatura religiosa. Entre esses, destaco a presença e atuação de sua mãe, também canonizada como Santa Mônica. Registra a História que a mãe de Santo Agostinho orou pacientemente pela sua conversão durante mais de trinta anos.

Você sabe? Davi, neste salmo, me lembra a atitude de Santa Mônica. Note como ele abre sua poesia declarando: esperei confiante no Senhor. Uma outra tradução deixa ainda mais clara a semelhança entre ambos: esperei com paciência no Senhor.

Pela leitura bíblica e mesmo através de filmes históricos, percebemos que a vida do rei Davi foi sempre atormentada por problemas de toda sorte, desde o âmbito familiar, sempre tumultuado, até a esfera de seu governo, que enfrentou sérios problemas e esteve algumas vezes a ponto de desmoronar. É oportuno lembrar que o salmista não tomava calmantes nem fazia qualquer terapia de apoio. Pelo contrário. Chegou a ser fustigado por Natã, o profeta, quando levou o tombo mais feio de sua vida. E pagou o preço por encaminhar de maneira desastrada e infeliz o seu enamoramento por Bethsabá. Deus era então o seu único refúgio e fortaleza. A inspiradora fonte de onde seus salmos fluíam como um manancial de poesia e devoção.

Mas, veja bem. Nossas preces podem ser respondidas pelo menos de três maneiras. Ou recebemos de Deus um sim, o que é sempre uma festa para a alma. Ou o Senhor nos destina um não categórico, como fez, por sinal, com o apóstolo Paulo e mesmo com Jesus Cristo. O Talmude afirma: ninguém chega ao fim da vida sem ter visto indeferida mais de metade de seus desejos. Mas Deus pode ainda nos segredar, através dos acontecimentos: espere, tenha paciência. Talvez seja essa a resposta mais desafiadora, porque exige de nossa fé a tenacidade e a paciência que frequentemente nos faltam. E uma experiência dolorosa.

Pois esse é o pano de fundo do presente salmo, o seu angustiante contexto. Apesar de Davi ter o coração aberto para Deus, e até poder afirmar: eis que aqui estou - há um momento em que o desespero o aflige de tal sorte, que o salmista parece não mais suportar a espera: dá-te pressa, ó Senhor, em socorrer-me.

Mas o ponto alto desse sofrido poema acontece quando o rei revela a sua face humilde e dependente: eu sou pobre e necessitado, mas Deus cuida de mim. E sobretudo quando sua fé confiante prevalece: espero com paciência no Senhor.

Mas aí está você com seus problemas. Pense então no que diz Davi em outro salmo:
Espere pelo Senhor, tenha bom ânimo
e fortifique o seu coração.
Espere pois pelo Senhor.


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