Igreja em ruínas, wallpaper HDW |
Uma citação de um amigo de infância, no Facebook, sobre o Dia
Nacional de Ação de Graças foi a única referência que vi sobre essa celebração
que teria lugar no dia de ontem. Uma referência que se fez também através da imagem do seu perfil, que dizia: Digamos sempre OBRIGADO, pois não conquistamos
nada sozinhos.
Há menos de um mês, aqui mesmo nesse blog, noticiamos a
iniciativa da Associação Internacional de Exorcistas, que reunida no Vaticano
discutiu a proposta de que os cristãos deveriam celebrar o Dia das Bruxas e
transformá-lo em uma data cultural. Irrelevante, diriam algumas igrejas. Mas se
são justamente essas questões irrelevantes que nos mostram o quanto estamos desassociados
das tradições mais relevantes da nossa fé, elas não são tão irrelevantes assim.
Alegar que o Dia de Ação de Graças é coisa de americano não
vale, porque quase todas as nossas tradições e celebrações foram igualmente implantadas
nas nossas igrejas pelos missionários americanos que disseminaram o
protestantismo no Brasil. Então, qual seria a verdadeira causa da irresponsável
omissão?
Tenho pra mim que tudo faz parte de um conjunto de situações
que vem ao longo do tempo descaracterizando o “crente” no mundo globalizado de
hoje. Meu amigo e profeta de Deus, João Wesley Dornellas, há mais de 30 anos já
falava do perigo que as igrejas estavam assumindo quando adaptaram músicas do
cancioneiro popular e do marketing midiático no ensino infantil da Escola
Dominical e nas encenações do Natal. Dizia ele que antigamente era o contrário:
o marketing é que se utilizava das nossas músicas quando queria melhorar as
suas campanhas publicitárias.
Faz tempo que não deixamos de ouvir em nossas igrejas, tanto
no Natal quanto na passagem do ano o tal “Quero ver você não chorar”, do Banco
Nacional, ou Estrela brasileira no céu azul, da Varig Cruzeiro. Um marketing
que parece não ter funcionado muito bem nem mesmo para os funcionários das
referidas empresas, pois elas faliram, não existem mais, e seus funcionários
estão chorando até hoje pelos direitos trabalhista que deixaram de receber.
Mas tudo parece que é indiferente para nós, porque nós, nas
nossas igrejas, continuamos afirmando a nossa fé de que é Papai Noel que, voando
a jato pelo céu, traz um Natal de felicidade e um Ano Novo cheio de
prosperidade, e que é a nossa resistência individual às agruras da vida vai
fazer com que tenhamos um Natal de amor e paz.
Por tudo isso é que não nos lembramos mais de sermos gratos
por uma criança que nos nasceu para nos trazer a esperança e nem por um
Cordeiro que se deu em sacrifício para que continuássemos vivendo nesta esperança.
Pelo que se vê hoje em dia, não temos muito o que ponderar
contra a atualíssima profecia do meu amigo João. Mais uma vez ele estava certo
quando denunciou os perigos iminentes da inocente transposição de valores. Para
ele valia a máxima de um dito português: Quando
o gato não está, o rato sobe na mesa. Quando o Dia Nacional de Ação de
graças não se faz presente, o Dia das Bruxas toma conta.
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