Quem pode morar com Deus?

Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte?
Salmo 15, Heartlight.org

Leia Salmo 15

Texto do rev. Jonas Rezende
Anos atrás, foi encontrado um curioso e antigo manuscrito, escrito provavelmente por um fariseu. Se Deus for salvar apenas dez homens em toda a vasta terra — dizia o autor da página —, entre os dez estaremos eu e o meu filho. Se o Eterno salvar somente oito, serei contado com o meu filho entre eles. Mas se agradar a Javé salvar seis homens, ainda assim estarei, com meu filho, entre os seis. Se forem quatro os salvos, certamente eu e meu filho seremos contemplados. Se o Eterno decidir pela salvação de apenas dois homens, seremos certamente eu e meu filho. Se, no entanto, Deus resolver salvar apenas um em toda a terra, o salvo será, sem dúvida e com justiça, eu.

Essa estranha mentalidade nada tem a ver com o presente salmo de Davi. O rei conhece os regulamentos de admissão nos locais em que Deus é cultuado, mas, em sua poesia, ele desce mais fundo, como se a sua principal preocupação não se restringisse à participação em um culto público. O salmo traça, com extremo cuidado, o perfil de um homem que poderia ser visto como o cidadão dos céus, alguém que bem poderia morar com Deus.

Em um polo completamente oposto à visão pretensiosa do fariseu que escreveu o manuscrito antigo, Davi esboça sem moralismo e sem hipocrisia o modelo daquele que tem o reconhecimento humano e, acima de tudo, a aprovação divina. O homem que mora no coração de Deus, para o salmista, é aquele que desenvolve a consciência de justiça, na vida em sociedade. Fala a verdade. Não difama nem faz fofocas. Sabe discernir os que não podem ser tolerados, porque ultrapassaram o limite do intolerável. Honra o justo. Jura e, mesmo que sofra dano, não falta com sua palavra. Não é usurário nem agiota. E o poeta conclui dizendo: quem age assim, não será jamais abalado.

Veja só. O salmista quer mostrar que tipo de gente mora no coração do Eterno e termina por descrever um homem que merece o respeito e a simpatia do seu povo. Pode ser uma maneira curiosa de dizer, mas faz pleno sentido.

Ele está absolutamente certo. Porque essas são duas verdades que se complementam com perfeição, como cara e coroa da mesma moeda. Um homem decente e correto no convívio social exerce um tipo prático de religião.

Por outro lado, morar com Deus cria implicações éticas em nossa convivência direta com todos os que nos cercam. Aí estamos prontos para exercer cargos e encargos sociais, e sermos, inclusive, investidos de poder.

George Bernard Shaw afirma, com aguda e profunda compreensão da alma humana, e também com seu modo crítico de dizer as coisas com fino humor:
O poder não corrompe o homem; idiotas, entretanto, se chegam a uma posição de poder, corrompem o poder.

Você quer morar com Deus? Faz muito bem.
Viva então com dignidade entre os homens.
A recíproca também é verdadeira.

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