O que é RENOVAÇÃO?

Porta de Nárnia, Pauline Baynes
Renovação é um substantivo que não se encontra no hebraico nem no grego do Primeiro Testamento; no Segundo é usado duas vezes, em Rm 12.2 e Ti 3.5. A ideia, no entanto, é muito frequente, sobretudo por combinações de alguns verbos. Na Septuaginta são usadas três possibilidades para traduzir o adjetivo hebraico hds. Esse adjetivo pode ter no grego tanto o sentido de recente, quanto de qualitativamente diferente e melhor, sendo que o primeiro sentido predomina, enquanto o segundo é bastante raro.

No Primeiro Testamento o tema da renovação aparece no contexto de esperança no futuro e de salvação, principalmente nos profetas. Poucas vezes trata-se de uma renovação no sentido profano, como, por exemplo de palácio do rei, do altar do Templo, das circunstâncias ou de mentalidade. Isaías, Jeremias e Ezequiel, ao descreverem a salvação vindoura, fazem-na frequentemente em termos da renovação de Israel, que não deve mais se lembrar do passado, pois Deus agora vai fazer coisas novas Is 43.18, revelar coisas novas Is 48.6. Novamente Deus vai organizar um êxodo, agora para os exilados da Babilônia. As cidades serão restauradas e Jerusalém receberá um nome novo. A futura obra salvífica de Deus, além de ser um novo êxodo, será mesmo uma nova. Deus criará um novo céu e uma nova, tudo será novamente como no paraíso.

Os diversos aspectos soteriológicos da aliança passarão por uma renovação. Haverá um novo Davi, um novo templo e uma nova Jerusalém. Falam de uma nova aliança em que Deus perdoa os pecados, onde há responsabilidade pessoal, em que o homem poderá viver segundo a sua relação íntima com Deus. Tudo isso será possível graças ao novo coração e ao novo espírito que Deus dará. Em honra deste Deus, que há de renovar tudo pelo seu amor, e cuja sabedoria pode renovar tudo, convém cantar um cântico novo. A observação pessimista de Eclesiastes 1.9: o que foi será: não há nada de novo debaixo do céu, não se enquadra muito bem com as esperanças proféticas de um futuro inteiramente novo.

No Segundo Testamento vemos como essa renovação prometida começa a se realizar. Os ouvintes de Jesus diziam: Mc 1.27 - sua doutrina é nova; coisa semelhante os atenienses disseram de Paulo em At 17.19. No Sermão da Montanha essa novidade é realçada: ouvistes que foi dito... eu, porém, vos digo... Jesus resume tudo no novo mandamento do amor, novo porque o amor deve inspirar-se no amor de Cristo e na relação de amor que existe entre o Pai e o Filho.

Cristo como iniciador de uma nova aliança não é um ponto que está muito explícito na sua pregação, mas se apresenta claramente durante a última ceia, relacionando o seu sangue, a ser derramado, com a nova aliança. Relembrando Jeremias 31, Hebreus 8 faz uma reflexão longa sobre a relação entre a primeira aliança e a segunda, a nova, da qual Cristo é o mediador. São Paulo caracteriza a nova aliança como sendo a do Espírito, e eterna; ao passo que a antiga é a da letra e passageira. A nova criação anunciada no Primeiro Testamento tem o seu início no novo Adão: Cristo, o homem celeste, que, segundo a sua imagem, os cristãos serão transformados.

Também a Igreja pode ser chamada de “homem renovado”, enquanto ela, graças a Cristo, é a comunidade em que judeus e gentios se unem. Todo cristão já é, em princípio, uma nova criatura. Ele deverá mostrar pela ação o que é em principio; por isso o homem terá de renovar-se continuamente. João evangelista fala de um novo nascimento, e João do Apocalipse descreve o estado definitivo do novo céu e da nova terra, onde haverá lugar para a nova Jerusalém. Para ele Deus é aquele que faz tudo novo.

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