Cortesãos no jardim de rosas, autor desconhecido |
Há uma transição no sentido da palavra no Segundo
Testamento. É anunciada antes em Pv 12.4 -
A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é
como podridão nos seus ossos. “Nos seus ossos” é símbolo de maldade ou de
infidelidade. Em Tg 5.2 - As vossas
riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça, significa
toda obra transitória; de modo semelhante fala em corrupção, principalmente quando
faz um julgamento sobre o valor das riquezas. O uso do termo nem sempre se
refere à realidade objetiva. Na linguagem das parábolas de Jesus, peixes,
árvores e frutos são corrompidos, não por estarem biologicamente estragados,
mas por serem inaproveitáveis. Assim são caracterizados os falsos profetas que
não são aptos para o Reino de Deus. O critério é o ser inaproveitável, como é
dito explicitamente em Ef 4.29 - Não saia
da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para
edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. A
palavra corrompida não contribui nada para a edificação da comunidade.
A marca indelével da corrupção em Israel foi o surgimento do
cortesão. Foi só com a instituição da realeza que apareceram em Israel os
cortesões. A organização pré-monárquica em tribos conhecia apenas os anciãos.
Sob o reinado de Saul, mas, sobretudo, sob o de Davi e Salomão, o governo foi
reorganizado, e confiado a cortesões que prestavam conta unicamente ao rei.
Geralmente os cortesões eram escolhidos entre os peritos na arte de escrever. São
várias as categorias de cortesões, uma imitação clara dos egípcios. A nomenclatura
varia às vezes, e as funções nem sempre são claramente determinadas. Na Bíblia
são enumerados os seguintes:
O mazkir. Esse
nome designa aquele que lembra, um arauto, um homem de confiança. Tanto o ofício
como o título são egípcios. No Primeiro Testamento apenas uma das suas funções é
mencionada: o mazkir de Ezequias quem negocia com os oficiais de Senaquerib
sobre a entrega de Jerusalém: II Rs 18 e Is 36.
O escrivão, sõfõr
ou chanceler. Era o secretário do rei e o escrivão do estado. Redigia os
documentos oficiais e contabilizava impostos. Talvez tivesse também atribuições
militares, gozando, portanto de grande influência nos negócios públicos.
O mordomo, ‘al
habbayit ou intendente da casa. Inicialmente a função parece ter sido bastante
modesta. Salomão exerceu algumas vezes, ele mesmo, essas suas funções, no
entanto, supõe-se que era uma função muito importante. Este corrupto usa uma
veste oficial, anda num coche, e é chamado de pai do povo. O símbolo da sua
dignidade é a chave da casa de Davi. Comparando-se esta função com a de José
na corte do Egito, vê-se no mordomo, pelo menos sob os últimos reis, um corrupto
cuja função se assemelha à do grão-vizir egípcio.
O superintendente das corveias ou 'al hammas. É mencionado Adonirão, sob os reinados de Davi e
Salomão.
O "conhecido”, o conselheiro do rei. São mencionados:
Cusai, sob Davi, Zabud, sob Salomão, Asaías, sob Josias, Nabuzardan, sob
Nabucodonosor, na corte babilônica.
São mencionados ainda, não nas listas de cortesões, os
governadores nissabirrv, no reinado
de Salomão, os quais cuidavam do sustento do rei e da sua corte; eram doze, um
para cada mês do ano. Citam-se ainda, mas fora das listas de cortesões: o
camareiro, o copeiro-mor, nas cortes de Salomão, do Egito e da Pérsia, e o padeiro-mor
da corte egípcia.
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